domingo, 27 de novembro de 2011

Contagem Regressiva

Faltam 27 dias para o Natal e na minha ansiedade, tenho procurado despertar o espírito natalino em todos, porque quero que neste ano ele seja especial. As minhas crianças , do seu jeito, já montaram a nossa árvore e fizeram uma bagunça sem igual. Mesmo assim , estou feliz e curtindo a alegria deles. Os pedidos de presentes ao Papai Noel, já foram feitos e quem quiser que se vire para atendê-los. Eu, como sou avó e eles são muitos, há anos dou a mesma coisa : um kit completo de roupas íntimas e produtos de higiene pessoal. Nada de brinquedos, porque isso é lá com o velhinho do trenó. Adoro dar presentes e faço eu mesma, uma  lembrancinha para cada uma das pessoas que vêm para a nossa ceia. É uma noite de muita magia e emoção que a cada ano me faz muito feliz.
Acontece que nessa época do ano, me sinto mais próxima do que vivi na infância e remexendo os guardados da memória ,quero trazer à tona todas as coisas boas, os dias encantadores que vivemos na Usina Trapiche. 
É difícil organizar tantas lembranças e assim vou contando aquilo que me vem à mente.
Ontem, falei de como a festa era preparada, lá na nossa comunidade e necessário se faz dizer que todos participavam dos  benefícios que a Usina proporcionava. Todos tinham casas confortáveis , água , luz, fornecimento de lenha, coleta de lixo , dentista, médico, farmácia e se houvesse necessidade de uma urgência de saúde, o aviãozinho Teco-Teco, levava para Recife, onde o atendimento médico era feito no Hospital com o qual a usina tinha convênio. Não se pagava nada por esses serviços. Ainda tinha o Armazém ,açougue e barbearia, que eram arrendados a pessoas que também faziam parte da comunidade.
Tinhamos  Escola  Primária e Posto de Saúde, Cinema , Campo de Futebol e um Clube. O interessante era o serviço de fornecimento de lenha, água potável e coleta de lixo, feito por carroças puxadas por bois.Era uma ótima brincadeira , pegar pigú ( carona ) nos carros de boi. Fazíamos sempre isso e uma vez Luíza, pequena então, foi emprensada no muro por um desses bois, dando o maior susto em mamãe.
        Valério, Carlos, Murilo e Luiza nasceram na usina , mas aí pelo anos 43/44, papai com seus conhecimentos empíricos de engenharia, foi convidado a construir uma barragem em Gravatá e lá ficou até 46. Nesse período de mais ou menos três anos , nascemos eu e Eduardo. Nós dois não lembramos de lá porque fomos muito pequenos, eu com dois anos e "Duardo" com meses , para a Usina. Mesmo assim ,sei de muita coisa que aconteceu por lá e, vou contar direitinho as histórias que ouví :
       O mundo estava em guerra e as coisas ficavam difíceis. Havia racionamento de tudo, inclusive de leite. Papai com sua sabedoria, resolveu criar cabras no quintal, assim resolvendo o problema do leite.Nessa época, os três mais velhos que se tratavam por " ZÉ " aprontavam das suas... Um dia, mamãe desconfiou do silêncio dos três que brincavam no quintal e quando lá chegou viu a cena: Valério e Carlos entupiam a boca de Murilo com os "cocôzinhos " das cabras e diziam que eram azeitonas. - De outra feita, Valério chegou em casa chorando porque o filho do vizinho havia batido nele. Papai falou prá ele que não tinha que chorar e sim meter o pau nele também. No dia seguinte o pai do menino foi conversar com papai. Valério cumpriu literalmente , o conselho : pegou um pedaço de pau e bateu no menino. Os três foram campeões de tavessuras. Comigo, aprontaram algumas incontáveis...
       De Gravatá , levamos Maria Brejeira , babá de Eduardo, que a chamava de Bejelinha. Essa figura também faz parte da nossa história. Ela era muito engraçada e falava muito errado  mas era uma pessoa adorável, da qual tenho muita saudade e boas lembranças !

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