quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AS FALHAS DA LEI


                 Mais uma vez a IMPUNIDADE  iminente nos atropela e nos deixa estarrecidos. Agora é o caso Mercia x Mizael .
                 Como é  sabido  por  todos,  pela  sua enorme  repercussão,      o Dr. Mizael Bispo, advogado e  ex-policial  militar, é acusado de matar, com requintes de crueldade, sua ex-namorada e colega de profissão , a jovem  Mercia  Nakashima .  O crime ocorreu  há mais ou menos dois anos  e até hoje nada aconteceu  com o indivíduo e seu comparsa. Aliás, aconteceu sim. Os dois, depois de muito jogo de cintura do advogado de defesa, conseguiram se livrar da prisão e estiveram  foragidos todo esse tempo, apesar dos esforços empreendidos pela Polícia e Ministério Público. Há poucos dias, o Mizael se entregou à Polícia , como se estivesse cometendo um gesto muito nobre, coisa que não condiz com a verdade. O comparsa continua foragido e há de se entender que não será encontrado mesmo. Ele não é advogado nem ex-policial, não contando portanto  com os benefícios da lei.
                É evidente que  o  acusado  Mizael,   se entregou  porque  se  sentiu  acuado  financeiramente, já que sem trabalhar e sem receber sua aposentadoria como ex-militar, sem  dinheiro,  contou  é claro ,com a  nossa  conhecida ” IMPUNIDADE”.  isso, ocorrerá por negligencia do Estado, que não tem como lhe oferecer a prisão especial que a lei determina. Conhecedor de tudo , o escorregadio acusado, fez o grande sacrifício de se apresentar espontaneamente à Polícia e deve estar gargalhando do nosso sistema deficiente e mais uma vez  omisso.
               A lei determina que seja dada prisão especial para aqueles que tem diploma  de curso universitário. No caso em pauta, o acusado, além de advogado é  Policial Militar aposentado, tendo portanto direito a uma” prisão especialíssima” que deveria ser cumprida em uma Suite, sem grades, com ar condicionado, TV, etc., etc. Acontece que o Estado não tem esse apartamento em Quartel, nem em lugar algum. Isso significa que o matador da jovem Mercia, poderá cumprir prisão domiciliar.
                Esse tipo de coisa não nos surpreende mais, no entanto , nos deixa indignados e sem entender naturalmente que matar alguém ou cometer outros crimes,  só é CRIME se for cometido por quem não é beneficiado por essa lei protecionista e errada aos olhos de todos. E se  existe a lei, por que o Estado não cria condições para o seu cumprimento? Não é a primeira vez que criminosos escapam pela porta da frente !
                 Para concluir , o Mizael  provavelmente, ficará na casa dele, o seu comparsa Evandro, terá sua cobertura  para continuar foragido  e mais uma vez as coisas ficam ao” DEUS  DARÁ “, até o julgamento. Enquanto isso, a família da vítima que procure proteção e equilíbrio prá continuar sua vida !  E a  “ MATANÇA  CONTINUA”  porque  no  nosso país,  “ O  CRIME  COMPENSA “ !!!!
 
Graça,fev./2012       



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

BORBOLETA AZUL



Se eu virar uma borboleta azul,
E me misturar ao azul do céu da minha terra
Aí sim, vou voar eternamente e sentir que SOU.
Hoje e aqui, eu apenas ESTOU .
A viagem é passageira e tudo se desfaz,
Ficando somente a essência que encerra,
O valor do que fiz e do que plantei.
Recebi a vida e vivi , sem ficar no casulo,
Amei e voei independente no meu sonhar
E agora o que mais quero é esperar
Que a borboleta anil , leve e solta,
Possa livremente voar, voar !!!

Graça,fev/2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

GOSTO DE AMAR


No meu caminhar  pela vida afora,
Encontrei  pedras, flores e espinhos.
Com as pedras, construí uma fortaleza,
Os espinhos, fui cortando aos poucos,
As flores , ah!  Estas com toda certeza,
Não colhi , também não joguei fora.
Elas continuam vivas nos meus caminhos,
Colorindo e perfumando os meus dias,
Em plena harmonia com a natureza.
Borboletas azuis bailam no meu jardim,
Leves , soltas, cheias de muita beleza
Embalando  meus sonhos e alegrias.

Ter tudo isso me conforta e acalma.
Não importa se a juventude foi embora
Não sofro com as rugas no meu rosto
Elas não me incomodam  mais, agora .
Não as quero nunca na minha alma,
Que os espinhos  e tanto desgosto 
Não conseguiram  prá sempre marcar.
Quero me olhar no espelho e gostar
Da minha aparência suave e ditosa
Por saber que a grande mãe natureza
Com toda sua sabedoria bondosa
Não me tirou o sublime gosto de amar.

Graça,fev./2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sua Excelencia Meu Irmão EDUARDO



                        Quando penso em você como uma autoridade, uma  figura de destaque do nosso Estado  de Pernambuco  e da Magistratura do país , me sinto  um tanto tímida e incapaz de lhe render uma homenagem como esta que me disponho a fazer.  Fico pouco à vontade prá lhe dizer tudo que pretendo.  Aí , eu lembro que antes de tudo , você é meu irmão, o quinto da ninhada de seis, parido e amamentado pela mesma mãe  e filho do mesmo pai. Lembro que fomos criados do mesmo jeito, no mesmo lugar e que nossas lembranças são mais ou menos as mesmas. Somos como o açúcar da Usina Trapiche, produtos do mestre Seu  Abel, que com certeza nunca pensou que um de nós pudesse ser um  doce mais elaborado. Não sei se um quindim ou uma cocada, mas você conseguiu ser esse doce, à custa de seu esforço e muita luta, sem falar nas dificuldades. Eu tenho muito orgulho de você e sinto muita pena que nossos pais não tenham vivido o suficiente para ver a sua conquista.
                        Nossa infância foi linda e cheia de coisas boas e eu faço questão de ressaltar isso, mesmo porque sei que faz parte da nossa história de vida. Muita coisa engraçada que aconteceu conosco , você talvez não lembre, porque era muito pequeno, mas na minha memória ficou registrada. Você me chamava de Lalai e era meu companheiro ideal nas brincadeiras porque como mais novo, me obedecia. Lembro que eu adorava brincar de escola com  você . Nessa  época , eu ainda não estava na escola , mas certamente era a professora e você o aluno que nem sabia falar direito. Numa dessas brincadeiras, mamãe estava por perto e atenta ao que dizíamos. Eu, com minha autoridade de professora lhe perguntei --  “Quem descobriu o Brasil ?”  Você respondeu que não sabia e eu continuei  insistindo até que resolvi dar a resposta , fazendo com que repetisse comigo. Eu falava-  “ Vamos  Eduardo, repita comigo:  Quem descobriu o Brasil foi... Pedro...”   Mamãe ficou maravilhada em ver que eu sabia a resposta.  Continuei-    Foi Pedro...( vamos, repita comigo)  Pedro Xavier Kugá !!!”Não precisa dizer que a risada da dona Graça me assustou e a brincadeira acabou aí.  Você não lembra mas já ouviu bastante essa história. Muitas outras coisas nos marcaram e hoje eu  gosto de relembrar  com alegria.
                        Adolescentes ainda, tivemos  que enfrentar muitas dificuldades, mas sempre nos ajudamos uns aos outros. Prá você, não foi fácil e teve que fazer  um monte de coisa na vida, conseguindo graças a Deus fazer uma carreira muito bonita, com seu próprio esforço e vencendo os obstáculos inerentes à profissão, chegando a morar no sertão, longe da família e depois com passagem pelo interior, até chegar em  Recife. Sua experiência foi construída de uma forma muito louvável, pela sua honradez e consciência de justiça. Deus lhe deu a grande virtude da sabedoria  para julgar  e separar as coisas. Sei como é árduo o ofício de ter nas mãos o destino de seres humanos, tendo como princípio a lealdade à própria consciência. Sei do seu equilíbrio e do  fiel da sua balança. Saiba que minha admiração por você e pelo seu trabalho é muito grande e eu torço para que você conquiste muito mais. Isso me faz muito feliz.

                      Hoje, no seu aniversário, quero lhe desejar  muitos anos de vida, muita realização pessoal, muita saúde e a felicidade de saber que construiu” sua casa na rocha”, com solidez e segurança. Quero que saiba que sou feliz com sua felicidade em ver sua família tão bem estruturada  e realizada.  Você ,  como todo grande homem,  também tem uma grande companheira, digna dos maiores elogios, que só acrescentou à sua vida, a sua  força e o amor que lhe dedica. Eu o amo muito e lhe sou muito grata pela força que você sempre me deu, pela sua atenção e amizade que sempre me dedicou.
                      Parabéns pelo seu aniversário e pela pessoa que é.  Espero que seja sempre muito feliz e que aproveite as coisas boas da vida, entendendo o seu mérito por tudo que Deus lhe deu. Que  Deus esteja sempre do seu lado , protegendo-o  e  dando-lhe muita LUZ , muita VIDA e muita LUCIDEZ
                      Um beijo muito carinhoso no seu coração.

Graça,25/02/2012                       

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CORDEL DA MARY




Fazer  CORDEL   encomendado
Não sei se vai dar muito certo
Juro que vou ter muito cuidado
Prá que saia tudo  correto

Quem me pediu que fizesse
Foi a Mary, mulher  tão  valente
Que se patente a vida nos desse
Ela com certeza  seria tenente

A   galega aqui homenageada
É  uma desenhista  competente,
Em  tráfego paulista  diplomada
Atrapalhando a vida da gente

Ela , minha filha e uma sala inteira
Mudam os caminhos desta cidade
Trocam mão, placa, rua e sinaleira
Provocando  imensa calamidade

Mas deixando um  tanto de  lado
O trabalho que a loira inglesa   faz
Vou voltar um pouco ao passado
E buscar a verdade que ele traz

Mary ,  uma “ MARIA BONITA”
De nome europeu  camuflado
É  inglês, somente na  escrita
O resto  é  lá da terra do xaxado

Filha de inglês e mulher rendeira
Retirante ou talvez retirada
Foi parar em terra estrangeira
Dando numa grande misturada

 Em Sum Paulo, gigante acordado
Que de todo canto tem gente
 Com sotaque bem carregado
A pernambucana  é residente

A filha, uma galega  bem esperta
Artista e artesã, de tudo  um pouco faz
Desenha, pinta, borda, sempre acerta
Passa  qualquer  crocheteira  prá trás

Agora, a sua cabeça tá lá em Portugal
Camilla sua  filha única e querida
Foi  um tempo na terra de Cabral
Estudar e se preparar  prá vida

 Augusto e dona Mary ficaram aqui ligados
Compraram  um GPS, o mais potente
E assim    com  seus passos rastreados
A sua  Camilla estará  sempre presente

Vou   dizer com minha experiência
Que filho, mesmo aquele mais ligado
Quer voar , viajar , ganhar vivência
Mas nunca, nunca nos deixa de lado.

Prá não deixar São Paulo à deriva
Com seu transito congestionado

Melhor ficar aqui, ligada e ativa
E cuidar do seu mapa enrolado.

Espero que o  cordel irreverente
Não tenha sido muito glossário
E que sirva  como um presente
Prá um alegre e feliz aniversário.

Que seu dia seja muito especial
Pleno de alegria e vibração
Sonhos realizados, tudo de mais legal
Muita paz e amor no seu coração


Graça,24/02/2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A PAZ NO MUNDO

A PAZ mundial , pelo mundo todo esperada,
Ao desprezo e ao fracasso está fadada.
Desde os tempos mais remotos , os homens
Como bárbaros se matam, criam as guerras,
Destroem tudo, invadem nações,
Sem escrúpulos, sem o menor respeito
Guiados pela ambição, atropelando o direito.
Tanta destruição na história registrada,
Tanto horror , tanto sangue, tanta vida ceifada
Tanto apelo em vão pela PAZ desejada !

Por que tanto ódio no coração de tantos?
Por que o entendimento não chega, não se faz ?
Por que o homem não consegue viver em PAZ ?
Não acredito que o povo das nações em guerra,
Que vive nesse inferno bélico, eterno e arrasador
Possa sonhar com a vida, sem lágrimas e sem dor.
Dói o coração de quem vê tanta contenda,
Sofrimento constante de tanta gente inocente,
Conflitos sociais, morte, ambição descontrolada
Dos que não sabem nem querem dividir nada.

À soberania adquirida, não existe respeito,
A ameaça à humanidade é constante, iminente.
Modernas e letais, armas pelo homem criadas,
Podem ser a qualquer momento detonadas.
Há quem consternado creia no fim do mundo,
Pelas mãos do seu Soberano Criador,
E não vê o homem como o grande predador.
Certa de que a justiça de Deus sempre se faz
A gente sofrida ,castigada, mutilada, espera
Um dia poder, festejar a tão sonhada PAZ

Graça,fev/2012

PAZ DE ESPÌRITO



“ Eu vos deixo a PAZ, eu vos dou a minha  Paz”
Desejo do Mestre, para nossa alegria,
PAZ de espírito,  pessoal e conquistada,
Sensação  resultante  de nosso livre arbítrio,
Alma  lavada , louro dos justos  que acalma
Que liberta a alma  , dá asas ao sonho
Dá leveza ao sentimento, enche de alento
O coração.  Afasta  a sombra nefasta da dor.

A PAZ interior, que todos almejam a cada dia
Não depende da guerra lá fora, do que se diz,
Do que se fala a toda hora.
A PAZ habita o âmago impenetrável  do ser
Que prima pelo dever cumprido, pela colheita
Dos seus atos praticados, pela reação de sua ação.
A paz é inerente à humildade  em cumprir fielmente
De forma consciente e leal o que vai no coração.

Prá ter Paz , necessário se faz domar o monstro,
Matar o preconceito, ser fiel aos mandamentos que
Impomos à nossa conduta e maneira de ser.
A paz depende dos princípios de cada um de nós
Que podem ser o avesso, o improvável, o recriminável
Ou até o insólito, do insofismável  produto social.
A PAZ DE ESPIRITO enfim é conquistada  dia a dia,
Com o valor que damos ao que é nos é  IDEAL !!!

Graça,fev.2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012

MOMENTOS DE FELICIDADE



Poeta que é poeta, nunca perde a chance
De   falar de amor , paixão e saudade,
De   sonho ,vida,  sentimento e ilusão.
Poeta  tem sempre  na mente, o propósito 
De abrir a alma  e incendiar o coração.
Poeta não perde a vez nem o momento
De falar da tão aspirada e sutil felicidade.
A felicidade  com  inumeras facetas
Mesclando sem nexo a sua subjetividade .
Aquilo que faz alguém  vibrar e ser feliz,
Prá outros nada significa, simplesmente nada  diz.

A felicidade não se mensura nem é perene
Não tem receita, nem se dá de presente.

Não se compara e tampouco se divide

É pessoal, não se compra, pode ser até secreta.
A felicidade chega na nossa vida  sutilmente ,
Massageando o ego, a  alma , o carente  coração .
Ela se afasta nos difíceis e piores momentos,
Dando lugar às dores e aos sofrimentos,
Que também passam porque fazem  parte da vida
E esta, na sua continuidade certa e definitiva,
Alterna  dor com momentos de grande felicidade

Graça,fev./ 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

POBRES MULHERES RICAS


              
               Ainda não entendi, por mais que tenha me esforçado, qual  a mensagem  do programa   “Mulheres  Ricas “, apresentado pela TV Bandeirantes. Não entendi o que querem mostrar com a exibição ostensiva e fútil da vida de mulheres que invadem nossos lares, agredindo e ignorando os problemas do nosso país.
               Nada contra a riqueza e os prazeres que ela proporciona. Nada contra os mais abastados, os  que tem muito dinheiro e que por conta disso tem uma vida diferente da vida do pobre. Entendo que cada um tem o que merece, pelo seu trabalho, pela sua inteligência, pelos seus dotes ou porque lá atrás ,alguém trabalhou e construiu uma fortuna. O dinheiro e os bens adquiridos através do trabalho honesto e digno são abençoados  e ,por certo  louváveis quando cumprem o seu papel. É por causa dos que tem mais, que os que  menos  tem , conseguem a sua sobrevivência, o seu emprego. Não há a menor dúvida  que tem que existir  as diferenças. Isso faz parte da vida e forma a cadeia econômica  mundial.
               O que não posso, é entender que em um programa de televisão,  mulheres, por serem apenas ricas, tenham que mostrar a futilidade e ostentar coisas que não acrescentam nada. Até agora  não vi sequer  o objetivo de levar ao público alguma coisa de útil.  São todas peruas deslumbradas sem ocupação, sem o menor senso de ridículo. São caricaturas grotescas de dondocas vazias que nada tem a oferecer. E o que mais me preocupa é que esse tipo de demonstração agride a população que não tem o que comer, que não tem trabalho, que não tem  como manter uma família , que não tem acesso a nada. Agride o povo brasileiro , que luta que trabalha e que não tem direito à saúde, à moradia digna, a transporte seguro e certo, que não sabe o que é caviar e champanhe e muito menos , imagina que pessoas possam passar a vida  pensando apenas em se divertir, gastar e não fazer nada. É estarrecedor  que esse luxo seja mostrado tão inescrupulosamente.
                 Tanta coisa boa prá ser exibida e temos que ver algo tão pobre.  Por que não mostram mulheres que tem algo a oferecer.  Que sejam mulheres ricas, mas com conteúdo.  Há muitas mulheres  ricas ,outras não ,que são verdadeiros exemplos  para todos nós , que nos encantam e estimulam a fazer algo pelo próximo e por nós mesmos, que nos transmitem  valores admiráveis. Não estou aqui recriminando a riqueza, mas o que ela pode trazer de negativo.
               “Há ricos e pobres porque Deus sendo justo, cada um deve trabalhar a seu turno; a pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação.” ( Allan Kardec)
                O programa em tese dá ênfase ao TER, desprezando  o SER !

                Graça,18/0202012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A IMPUNIDADE NOSSA DE CADA DIA

             Acompanhei  com bastante interesse, o julgamento do indivíduo que matou a garota Eloá. Foram quatro exaustivos dias de debates jurídicos, leitura maçante de um processo quilométrico, oitiva cansativa de testemunhas, comportamento inadequado da advogada de defesa que se mostrou agressiva e deselegante perante  a Juíza, os colegas, o corpo de jurados e a população ansiosa por um grande desfecho.  Ouví  os mais diversos comentários sobre tudo que acontecia na sala quente do Tribunal do Júri. Todo mundo entende de tudo e a especulação sobre o que iria ser decidido, chegava  a ser ridícula.
            O que mais chamou a atenção foi o desequilíbrio da defesa e a postura fria e calculista, desrespeitosa  e arrogante do réu, pela certeza de que quase nada vai lhe acontecer.  A Juíza,muito tranqüila e atenta conduziu o julgamento até a leitura da sentença que proferiu o esperado por todos :  “PENA MÁXIMA”.
            Muito bem, pergunto o que significa essa pena máxima de 96 anos de reclusão em regime fechado.  É muita perda de tempo , é brincar com o emocional de quem teve seu ente querido  assassinado por um matador contumaz.  É revoltante saber que não existe punição real.  A população fica de alma lavada ao ouvir uma sentença que impõe uma pena de 96 anos de cadeia para o criminoso e até comemora o resultado.  A ficha só vai cair lá na frente, quando a notícia de que o meliante está na rua, pronto prá ceifar outras vidas.
            Onde está a  Justiça ?  Ou melhor, onde estão as nossas  leis ?  Sabemos que pela nossa legislação obsoleta  e cada dia mais remendada e condescendente, a pena máxima brasileira é de no máximo 30 anos de prisão, o que realmente não ocorre. São tantas as benesses concedidas aos infratores que não dão tempo sequer do apenado refletir. A certeza dessa impunidade repugnante nos proporciona uma vida cada vez mais ameaçada e nos impõe uma prisão domiciliar constante.   A matança continua, atingindo principalmente as mulheres e os matadores  estão soltos, preparando novos golpes ou passando um tempinho na cadeia fazendo pós graduação  em crime e vivendo às custas do cidadão que cumpre a lei, trabalha e paga os seus impostos.
            O  “Gigante Adormecido” precisa de um despertador . Nossos legisladores precisam de um mínimo de conhecimento do objetivo da pena, que existe para punir e recuperar o cidadão que não cumpre a lei e que ameaça a  vida ,a honra e  os bens de toda a sociedade. O nosso regime prisional está longe de reabilitar os apenados. Falta  tudo. Falta controle. A corrupção no meio dos que tem o dever de manter a ordem nos presídios é escancarada, permitindo uma série de benefícios indevidos. Falta atividade para a população carcerária, que fica amontoada e ociosa, planejando e até aplicando golpes de dentro da prisão, sem que alguma  providencia seja tomada. É muito grave o que está acontecendo no nosso  país , referente à segurança  e justiça. Os nossos políticos não cumprem o seu papel e se preocupam apenas com seus status e rendimentos. O país está à deriva  e nós ,pobre povo brasileiro, não temos os nossos direitos garantidos e tão somente obrigações cada vez mais abusivas.
            Não temos a quem pedir socorro senão a DEUS. Temos que fazer muita  oração , pedir proteção para que possamos usar o nosso direito de protestar e esperar  pela sua     JUSTIÇA DIVINA   porque esta,  nós sabemos que é    VERDADEIRA  e  INFALÍVEL  !!!

Graça,17/02/2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

SER GRAÇA

Depois de ter sido escolhida prá ser mãe
De  três filhos homens,  promessa até foi feita
Pela dona  Graça , prá que viesse uma menina.
Suas preces foram ouvidas, sua graça concedida
E eis que num dia de  graça , um Domingo de Páscoa
Por Deus  abençoada , sadia e cheia de graça
A esse mundo cheguei prá viver a minha vida.

Tanta graça até no nome, como Graça fui batizada
Sempre fquei sem graça, de no mundo ver tanta desgraça,
O que me deixa comovida, ao mesmo tempo agradecida
Por ter  sido , apesar de tudo, tão amada e protegida.
É  sempre  engraçado quando alguém que não conheço,
Me   pergunta    muito solene “ qual é a sua graça” ?
Digo que sou  Graça ,mas fico sempre constrangida.

Ao longo dos muitos  anos , sendo eu assim chamada
Às vezes fico sem graça, por não ser  nada engraçada.
Pergunto-me  como seria, se  alguma graça eu tivesse,
E se toda graça do mundo estivesse em mim contida,
Talvez eu não tivesse uma vida tão cheia de graça
Talvez a  felicidade , o amor , nem o sonho viesse
Quiçá  eu não sentisse a  graça de viver a VIDA.

Graça,fev./2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CARNAVAL X CARNAVAL



            Já falei dos saudosos carnavais do tempo da Usina Trapiche, onde ficaram as minhas primeiras impressões dessas festas tão  alegres de Momo.  Aqueles, eram  carnavais inocentes, quase festas familiares, sem excessos , sem o glamour do carnaval de hoje.O carnaval da época era um tanto saudosista e talvez esse fosse o seu encanto. As pessoas carregavam na memória aquela visão de uma festa com fantasias caprichadas, bailes de máscara  com um caráter um tanto elitista. As manifestações populares aconteciam sem a participação maciça da sociedade. Os blocos saiam às ruas com seus integrantes  e em grande estilo , se exibiam de forma organizada , dando valor às suas tradições  e alegrando os expectadores. Não havia multidão se espremendo e disputando um espaço ,a qualquer custo. Não havia a exposição deprimente de mulheres que fazem questão de mostrar seus corpos malhados e nus, numa verdadeira exibição digna das orgias da Roma antiga.
           Mamãe falava do corso da sua época, como um desfile de carros abertos, que certamente eram muito poucos, onde as pessoas fantasiadas, jogavam umas nas outras, confetes  ,  serpentinas e jetons ( um tipo de bombons  que continham um líquido colorido e que em contato com o alvo deixava  uma mancha  e um perfume que em seguida se desfaziam). Uma forma de despertar a atenção dos rapazes e moças que participavam dessa batalha romântica.  Claro que se tratava de um carnaval elitizado, sem cunho de festa popular, com belas marchinhas e frevos, que até hoje são sucesso, pela sua qualidade musical e poética.
            Os tempos foram mudando o  carnaval , cada vez mais ,assumindo características bem diversas do que era antigamente.  Não sou do tempo do corso  bonitinho , com jetons coloridos  mas acompanhei de perto a evolução dessa festa bem nossa. Quando mocinha, tive oportunidade de viver os carnavais de Recife, que são inesquecíveis. Por volta dos anos 60, a coisa  era boa demais. Havia o corso, que era o desfile de carros por determinadas ruas da cidade e não tinha nada de romântico. As pessoas  brincavam no meio da rua, todas  preocupadas apenas   em se divertir. Era uma imensa bagunça que durava o dia inteiro, um mela-mela e muita alegria. A participação dos jovens e  famílias , era maciça. Todos extravasavam sua alegria  com o prazer de sujar todo mundo de tudo quanto era coisa. Voltávamos  do   corso , imundos , molhados e exaustos, mas felizes e era só dar um tempo para depois ir para os clubes e dançar a noite toda. Os clubes como Internacional, Português, Náutico,  Caxangá,  Country , eram os mais badalados com carnavais inesquecíveis.        
             A farra do corso acabou. Deixou de ser uma diversão para se tornar uma  preocupação .A brincadeira de mela-mela, a principio inocente e desprovida de maldade, assumiu um aspecto de violência e caso de polícia. Infelizmente algumas pessoas se aproveitam  de situações de muito movimento para por prá fora os seus demônios e fazer maldades, o que acaba privando os outros de determinadas coisas.  Isso acontece todo dia, infelizmente, não só no carnaval como em todas as manifestações  públicas. A euforia elimina o respeito e alguns partem para a agressão, o que é lamentável.  Podemos ver nos Shows e festas populares com grandes aglomerações, esse tipo de coisa que assusta e inibe a alegria de quem está ali para se divertir realmente.
              Lembro que na  época , o pavor das mulheres , era um baile que todo ano acontecia na Estrada dos Remédios, na Segunda Feira de Carnaval :  o ameaçador  Baile dos Casados. Não sei como  era, só entravam homens casados e naturalmente as piriguetes de plantão. Os homens tiravam o maior sarro das esposas, ameaçando  ir  no maldito baile.
              Em Recife e  Olinda , o carnaval de rua sempre foi uma tradição com todas as formas de manifestações culturais. Sempre houve os blocos famosos, que saem  às ruas arrastando o povo que gosta de acompanhá-los. Quem nunca ouviu falar dos tradicionais Bloco das Flores, Andaluzia,  Pirilampos , Bloco da Saudade e muitos outros , cantados nos frevos de nossa Recife antiga. Sempre houve os Caboclinhos, os Maracatus e as troças que com o tempo foram se tornando a grande atração, principalmente do carnaval de Olinda, com seus  engraçados bonecos gigantes, blocos famosos como"Elefante"e "Pitombeira" , “Homem da meia noite”, “Menino do meio dia” produtos da criatividade de um povo que se diverte com qualquer coisa. Em Recife, o bloco Galo da Madrugada,  se tornou um fenômeno em quantidade de pessoas que arrasta pelas ruas, famoso em todo o país. Enquanto Recife aderiu aos trios elétricos, em determinada região,  Olinda preservou o carnaval tradicional, com seus blocos e troças subindo e descendo suas  ladeiras só terminando a folia de Momo com o “Bacalhau do Batata”, bloco que sai às ruas , na Quarta Feira de Cinzas. Se  deixar ,o povo  não para de brincar.  Continua até hoje a proteger as suas tradições, não permitindo a entrada dos trios elétricos e da música eletrônica. Recife, por sua vez, restaurou o centro da cidade, onde se desenvolve um carnaval de qualidade, com as manifestações populares e um destaque especial à música e cantores da região. É lindo ver tudo  isso !  Um  povo só é  verdadeiramente  feliz  e    autêntico,    quando consegue expressar a sua cultura, as suas tradições , sem se contaminar com as novidades que surgem, por mais interessantes que sejam. O Carnaval de Salvador,    com sua característica própria dos trios elétricos e  seu estilo musical do Axé se tornou uma das maiores atrações turísticas, merecendo os nossos aplausos e de todos que se dispõem a curtir esse tipo de festa popular.
                  Hoje, do  “ CAMAROTE  VIP”, que a idade me proporciona, observo com muita satisfação um certo retorno às tradições do nosso País.  Há com certeza  uma maior preocupação em se restabelecer certas coisas que se perderam com o tempo.  O  Rio de Janeiro,  terra  do samba, por exemplo, com seu monumental  desfile de Escolas de Samba, que aliás diga-se de passagem, é um espetáculo deslumbrante e rico, atraindo turistas do mundo inteiro,  por muito  tempo,   apenas valorizou  esse item, digno de todos os elogios.É o carnaval  fabricado para deleite especialmente dos turistas. Há uma máquina financeira que promove a festa, esquecendo um pouco as raízes do “Samba no pé” do carioca da Comunidade  que passa o ano inteiro participando dos ensaios e trabalhando pela sua Escola, quando promovem figuras famosas que às vezes não tem nada a ver com o povão, que vibra e vive a emoção do carnaval . O grande foco é a competição, o espetáculo cada vez mais rico e mais encantador. Fora isso, o carnaval de rua ficou esquecido, salvo os vários blocos que são famosos como o Bola Preta ,       podemos ver aqui e ali alguns “Clovis”, derivação  de”Clown” figuras folclóricas que saem às ruas com suas roupas coloridas e mascarados, munidos de bexigas , fazendo barulho, sem música, isolados ou em grupos.  Hoje, os blocos proliferam e podemos   vê-los  a cada ano com maior força. O povo quer participar dos festejos sem ter que necessariamente pagar para isso ou ter que ensaiar o que vai fazer.  Adorei    ver,  no carnaval passado, o  povo  do Rio se  divertindo com  irreverência  e   improvisação,   formando  grupos animados e arrastando quem quisesse participar.
                  Eu  , sem dúvida alguma , adoro carnaval e fui uma grande foliona, daquelas de correr atrás de tudo que era troça, subindo e descendo as ladeiras de Olinda, vestida de alma ou de Emília e segurando o estandarte do bloco que criamos , o Sobe e Desce, que virou um bloco famoso, sob a direção do meu querido e saudoso amigo Fernando Gondim. No início, éramos quatro gatos pingados, subindo e descendo as ladeiras e cantando a música criada por ele que era assim: “ O que desce sobe, /  o que sobe desce,/ É verdade a dita e dura/ Caia na folia meu bem, / Que a vida é , é merda pura!  Não precisa dizer que estávamos em plena DITADURA.   
                                                                                                                                                                                                                                                             Brinquei muitos  carnavais e tomei muitos porres. Um deles foi com Murilo. Depois de bebermos tudo  que encontramos pela frente .    Sentei no meio-fio e bêbada  que nem um gambá, comecei a falar “ Murilo, dizem que nós dois somos a cara de um o (... )do outro . Eu só não sei se eu sou sua cara ,ou se você é o meu ( ...)”.               Outra vez, Luiza foi passar o carnaval  comigo, lá em Olinda e nós aprontamos todas. Havia tanta gente lá em casa, que tinha que haver revezamento na hora de dormir. Uma noite, estávamos na praça na maior confusão do carnaval, quando eu vi em uma barraca ,o Senador Marcos Freire, que eu sabia quem era  por ser uma pessoa famosa, mas não conhecia. Falei prá Luiza que ia cumprimentá-lo porque era meu amigo. Ela duvidou e eu fui até ele que, educada e politicamente me abraçou e beijou, como se me conhecesse. Não se conformando, ela foi lá e fez a mesma coisa, me desmoralizando. Rimos muito e essa história rendeu muita gozação dela prá cima de mim.
                Bons tempos que já foram e que recordo com muito prazer e muita saudade. Acho que a natureza é muito sábia. À medida que vamos envelhecendo, nossos valores vão mudando e nossa visão adquire um foco diferente  do passado. Valorizamos determinadas coisas que antes não nos chamava atenção. Hoje eu vejo  com mais apreço  as manifestações populares da nossa terra, entendendo melhor a necessidade de se preservar tanta riqueza  cultural, não deixando que se perca no tempo. Muito bom seria se todos pensassem dessa forma  e procurassem cultivar e resgatar todo esse tesouro tão precioso ,que temos.
               Como seria bom se nossos jovens pudessem participar dessas festas  populares sem medo e livres da influencia perversa das  drogas , da incitação vulgar e escancarada do sexo, do apelo exagerado à sensualidade, da exposição dos corpos despidos , numa libertinagem desnecessária. Como seria bom ver nossos filhos e netos se divertindo com alegria e despreocupação, dentro dos limites dos bons valores  sociais , sem essa constante ameaça à vida e à integridade física de cada um !
                Vamos curtir o CARNAVAL  !!!


Graça,fev/2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

CARNAVAL DA USINA

            Sempre que chega o Carnaval, dou uma fugidinha lá prá Usina Trapiche e me deixo levar pelas lembranças, ainda tão nítidas e tão presentes. Naquele lugar, um pouco escondido no canavial verdinho e cheio de movimento, como se estivesse sempre a bailar no espaço , no meio do nada. Apesar de parecer que ali só havia céu, morros  , várzeas e aquele mar verde de cana farfalhando e nada mais, impressão que tínhamos antes de chegar ao pequeno lugarejo, nosso  mundo à parte, não podíamos imaginar que aquilo era mesmo que a” feira de Caruaru,” onde de tudo tinha um pouco. Era tão longe e tão fora do nosso alcance mas o mais importante estava lá. Não fomos nem um pouco marginalizados, nem desinformados, muito pelo contrário, nossa vida era bastante movimentada, mesmo porque nós nos encarregávamos de fazer o movimento.  Tínhamos  até um maravilhoso e inesquecível CARNAVAL.
                                                                                                                                                                      Perto dos dias de Momo, quase sempre estávamos na praia e acho que isso dependia da data da festa. Quando acontecia de passarmos lá, era menos  badalado  porque contávamos apenas com os dois clubes que eram meio ”privês”  dos habitantes do lugar e o embalo não tinha muita graça. Estávamos mais envolvidos com a praia e o Carnaval não tinha muita importância. Acho que Lia é que sentia mais falta, porque era uma moça e, namoradeira da pior qualidade, então devia sentir falta dos amassos. Lia era muito assanhada e até na praia ela arranjava namorado. Quem não se lembra de Tonho Bim ? É, a danadinha gostava da coisa!
             Mas vamos ao Carnaval de  nossa Trapiche,porque esse é um assunto que me deixa animada  de fato. Na Usina, era tudo de bom. À medida que ia chegando perto, já  ficávamos no maior  alvoroço. Quando muito pequenos, a curtição era de mamãe que fazia fantasia prá turma toda e não faltava um marinheiro, uma japonesa, uma dama antiga, um palhaço, um pirata, etc. Lembro muito pouco dessa fase, mas mesmo assim tenho na memória,  um desses Carnavais que ela me fantasiou de japonesa ou chinesa e eu fiz par com Pitita, filho do vizinho. Lembro que eu tinha uma sombrinha e cara de oriental e que fiquei muito braba porque tiraram foto minha com o tal menino. Depois, lembro vagamente de uma fantasia de “dama antiga” que eu tive que usar uma armação de arame por baixo da saia, o que me incomodou muito e uma tapioca na cabeça, sem  esquecer  dos cachinhos nos cabelos , meu grande trauma.  Coisas de Dona Graça que era cheia das idéias. Na época, nosso Carnaval consistia apenas em vestir nossas fantasias e participar do baile infantil, à tarde, ao som de  marchinhas ,  jogando confete e serpentina e fazendo nossa farra de criança. O confete vinha numa sacolinha  de filó e as serpentinas, nunca aprendi a jogar, sempre jogava o rolo inteiro, que normalmente era recolhido para novo arremesso.
             Fora essa fase da  “era dos dinossauros”, o negócio era muito bom. Carnaval significava festa durante quatro  dias e nós, já crianças maiores, participávamos dos bailes noturnos no clube.  Começava com as marchinhas que tínhamos que aprender e todos hão de convir que eram maravilhosas. Os frevos, então, nem se fala. Além  das antigas, como” Jardineira”; “Pierrô Apaixonado”;   “Chiquita  Bacana” e outras,  havia as atuais de cada ano como” Nós, nós os carecas”; “Maria Candelária”; “Mamãe eu quero mamar”; “Você pensa que cachaça é água!”; “Chegou a turma do funil” ; “Menina vai, com jeito vai...” e  muitas outras que continuam sendo cantadas, porque hoje a produção de marchinhas é bastante deficiente. Podemos dizer que o Carnaval de hoje tem uma conotação diferente, com a evolução dos desfiles de Escolas de Samba, Trios Elétricos e outras novidades que surgem a cada ano, tendo se transformado numa festa de muita ostentação e exibicionismo, mais espetáculo do que propriamente uma manifestação popular com características tradicionais. Pouco se preserva a cultura , que em alguns lugares, com muita dificuldade se mantém  viva. O povo participa e gosta do Carnaval atual, não resta a menor dúvida, mas deixou de ser uma festa  espontânea , passando a ser uma coisa previamente organizada e cara. Na realidade, perdeu o romantismo dos  pierrôs , colombinas e arlequins, dos corsos, dos jetons, dos blocos e da diversidade folclórica. Afinal, estamos na era dos eletrônicos e a curtição dos jovens é outra.
              Com certa antecedência, papai providenciava os confetes e serpentinas e melhor que tudo a lança-perfume. Esse item era o mais importante.  Ganhávamos todo ano, lança-perfume da marca Rodouro. Elas eram douradas, de metal e peça importante no Carnaval. O perfume que deixava no salão era inigualável.    Geralmente, ganhávamos alguma roupa nova carnavalesca e nos divertíamos a valer. A farra começava durante o dia, com os banhos de talco e água que dávamos uns nos outros, fazendo uma bagunça enorme.
               No Sábado de Zé Pereira, logo à tarde ficávamos esperando os “Caboclinhos” e a “La Ursa” que vinham dos engenhos e desfilavam na frente da nossa casa e nós achávamos  o máximo  e  corríamos para vê-los passar com suas  fantasias  rudimentares e improvisadas da melhor forma que podiam, mas que aos nossos olhos infantis eram  encantadoras . Era o nosso folclore, que surgia, mesmo na distante Trapiche e que nos encantava e divertia.       Depois a banda de música da Usina, vinha tocando frevo e o povo ia se juntando e parando de  casa em casa para os aperitivos e petiscos.  E todos iam atrás dançando e cantando pela rua. Não preciso dizer que era o início da bebedeira. Estavam abertos os festejos. Todo mundo já tinha se lambuzado de talco, se submetido ao molha- molha e agora era só continuar a brincadeira.
            À noite, havia baile no clube que já estava decorado e preparado para a folia.  A decoração era caprichada e não devia nada a muitas que já vi na vida. Lembro de umas máscaras  enormes que decoravam o salão. A Usina contratava orquestra que vinha de fora e pessoas de outros lugares participavam da folia, porque o nosso Carnaval era da melhor qualidade. Confesso que dançar, nunca foi minha praia e por isso, era só pular e tava tudo certo. Nunca aprendi, para minha grande frustração, a dançar o frevo, coisa da qual me arrependo até hoje. Dancei muito de farra, prá Mamãe ver e, numa dessas, caí e quebrei o cóccix, o que me deu um rabinho de presente.  Mamãe dava muita risada com essas minhas palhaçadas  e eu adorava fazê-la rir. Papai era um grande carnavalesco e se derretia todo quando  cantavam a marchinha dos carecas, porque as pessoas cantavam “prá que cabelo, prá que Seu Abel?...”  ou quando tocava Maracangalha, sua música preferida porque o fazia  lembrar dos tempos da Bahia. Ele, com suas pernas duras, sem o menor jeito prá dança, se divertia  prá valer. Brincávamos a noite toda até raiar o dia e tudo era maravilhoso. Quando tocavam Vassourinha, ninguém ficava parado  e o salão pegava fogo como é comum acontecer na terra do frevo.
           Os Carnavais da Usina eram tão bons e tão animados que mesmo depois de adultos passávamos lá. Meus três primeiros filhos,  Flávia , Silvia e Marcio, talvez tenham lembrança das matinês que tiveram oportunidade de participar , quando pequenos. Num desses Carnavais que fomos passar na Usina, todos  adultos , fomos convidados por Carlos a ir uma noite para Sirinhaém, quando ele era Vice Prefeito .  Fez propaganda de  um baile municipal muito bom  e  fomos conferir. Não posso deixar de contar essa  passagem engraçada  da nossa  querida e saudosa figura. Carlos era um grande folião e no meio de muita gente que estava no clube, desapareceu de repente. Ele se agarrava com a primeira que encontrasse e fazia  sua festa com a nova companhia . Depois de muito tempo, lá vem ele, agarrado com uma “menina” muito feia, todo animado, cantando:” A minha dentadura caiu no chão... ”e o detalhe da história é que a “gata” não tinha um só dente na boca. Tivemos que sair de perto porque não dava prá agüentar as  caras e bocas que ele muito sem vergonha ,fazia.  Eram as famosas  presepadas de Carlos.
           Quantas lembranças boas e quanta saudade! Quanta saudade da lança-perfume e dos porres  escondidos ! Era bom demais molhar o lenço e dar umas cheiradinhas inocennnntessss.  Ih!!!!!  Isso não era prá ser contado... mas   já foi e era coisa só minha, JURO!!!

Graça, Jan/2012

CANAVAL DA USINA

            Sempre que chega o Carnaval, dou uma fugidinha lá prá Usina Trapiche e me deixo levar pelas lembranças, ainda tão nítidas e tão presentes. Naquele lugar, um pouco escondido no canavial verdinho e cheio de movimento, como se estivesse sempre a bailar no espaço , no meio do nada, apesar de parecer que ali só havia céu, morros  , várzeas e aquele mar verde de cana farfalhando e mais nada; impressão que tínhamos antes de chegar ao pequeno lugarejo, nosso  mundo à parte, não podíamos imaginar que aquilo era mesmo que a” feira de Caruaru,” onde de tudo tinha um pouco. Tudo era tão longe e tão fora do nosso alcance mas o mais importante estava lá. Não fomos nem um pouco marginalizados, nem desinformados, muito pelo contrário, nossa vida era bastante movimentada, mesmo porque nós nos encarregávamos de fazer o movimento.  Tínhamos  até um maravilhoso e inesquecível  CARNAVAL  .                                                                                                                    Perto dos dias de Momo, quase sempre estávamos na praia e acho que isso dependia da data da festa. Quando acontecia de passarmos lá, era menos  badalado  porque contávamos apenas com os dois clubes que eram meio ”privês”  dos habitantes do lugar e o embalo não era muito animado. Estávamos mais envolvidos com a praia e o Carnaval não tinha muita importância. Acho que Lia é que sentia mais falta, porque era uma moça e, namoradeira da pior qualidade, então devia sentir falta dos amassos. Lia era muito assanhada e até na praia ela arranjava namorado. Quem não se lembra de Tonho Bim ? É, a danadinha gostava da coisa!
             Mas vamos ao Carnaval de  nossa Trapiche,porque esse é um assunto que me deixa animada  de fato. Na Usina, era tudo de bom. À medida que ia chegando perto, já  ficávamos no maior  alvoroço. Quando muito pequenos, a curtição era de mamãe que fazia fantasia prá turma toda e não faltava um marinheiro, uma japonesa, uma dama antiga, um palhaço, um pirata, etc. Lembro muito pouco dessa fase, mas mesmo assim tenho na memória,  um desses Carnavais que ela me fantasiou de japonesa ou chinesa e eu fiz par com Pitita, filho do vizinho. Lembro que eu tinha uma sombrinha e cara de oriental e que fiquei muito braba porque tiraram foto minha com o tal menino. Depois, lembro vagamente de uma fantasia de “dama antiga” que eu tive que usar uma armação de arame por baixo da saia, o que me incomodou muito e uma tapioca na cabeça, sem  esquecer  dos cachinhos nos cabelos , meu grande trauma.  Coisas de Dona Graça que era cheia das idéias. Na época, nosso Carnaval consistia apenas em vestir nossas fantasias e participar do baile infantil, à tarde, ao som de  marchinhas ,  jogando confete e serpentina e fazendo nossa farra de criança. O confete vinha numa sacolinha  de filó e as serpentinas, nunca aprendi a jogar, sempre jogava o rolo inteiro, que normalmente era recolhido para novo arremesso.
             Fora essa fase da  “era dos dinossauros”, o negócio era muito bom. Carnaval significava festa durante quatro  dias e nós, já crianças maiores, participávamos dos bailes noturnos no clube.  Começava com as marchinhas que tínhamos que aprender e todos hão de convir que eram maravilhosas. Os frevos, então, nem se fala. Além  das antigas, como” Jardineira”; “Pierrô Apaixonado”;   “Chiquita  Bacana” e outras,  havia as atuais de cada ano como” Nós, nós os carecas”; “Maria Candelária”; “Garota você é uma gostosura”; “Você pensa que cachaça é água!”; “Chegou a turma do funil” ; “Menina vai, com jeito vai...” e  muitas outras que continuam sendo cantadas, porque hoje a produção de marchinhas é bastante deficiente. Podemos dizer que o Carnaval de hoje tem uma conotação diferente, com a evolução dos desfiles de Escolas de Samba, Trios Elétricos e outras novidades que surgem a cada ano, tendo se transformado numa festa de muita ostentação e exibicionismo, mais espetáculo do que propriamente uma manifestação popular com características tradicionais. Pouco se preserva a cultura , que em alguns lugares, com muita dificuldade se mantém  viva. O povo participa e gosta do Carnaval atual, não resta a menor dúvida, mas deixou de ser uma festa  espontânea , passando a ser uma coisa previamente organizada e cara. Na realidade, perdeu o romantismo dos  pierrôs , colombinas e arlequins, dos corsos, dos jetons, dos blocos e da diversidade folclórica. Afinal, estamos na era dos eletrônicos e a curtição dos jovens é outra.
              Com certa antecedência, papai providenciava os confetes e serpentinas e melhor que tudo a lança-perfume. Esse item era o mais importante.  Ganhávamos todo ano, lança-perfume da marca Rodouro. Elas eram douradas, de metal e peça importante no Carnaval. O perfume que deixava no salão era inigualável.    Geralmente ganhávamos alguma roupa nova carnavalesca e nos divertíamos a valer. A farra começava durante o dia, com os banhos de talco e água que dávamos uns nos outros, fazendo uma bagunça enorme.
               No Sábado de Zé Pereira, logo à tarde ficávamos esperando os “Caboclinhos” e a “La Ursa” que vinham dos engenhos e desfilavam na frente da nossa casa e nós achávamos  o máximo  e  corríamos para vê-los passar com suas  fantasias  rudimentares e improvisadas da melhor forma que podiam, mas que aos nossos olhos infantis eram  encantadoras . Era o nosso folclore, que surgia, mesmo na distante Trapiche e que nos encantava e divertia.       Depois a banda de música da Usina, vinha tocando frevo e o povo ia se juntando e parando de  casa em casa para os aperitivos e petiscos.  E todos iam atrás dançando e cantando pela rua. Não preciso dizer que era o início da bebedeira. Estavam abertos os festejos. Todo mundo já tinha se lambuzado de talco, se submetido ao molha- molha e agora era só continuar a brincadeira.
            À noite havia baile no clube que já estava decorado e preparado para a folia.  A decoração era caprichada e não devia nada a muitas que já vi na vida. Lembro de umas máscaras  enormes que decoravam o salão. A Usina contratava orquestra que vinha de fora e pessoas de outros lugares participavam da folia, porque o nosso Carnaval era da melhor qualidade. Confesso que dançar, nunca foi minha praia e por isso, era só pular e tava tudo certo. Nunca aprendi, para minha grande frustração, a dançar o frevo, coisa da qual me arrependo até hoje. Dancei muito de farra, prá Mamãe ver e, numa dessas, caí e quebrei o cóccix, o que me deu um rabinho de presente.  Mamãe dava muita risada com essas minhas palhaçadas  e eu adorava fazê-la rir. Papai era um grande carnavalesco e se derretia todo quando  cantavam a marchinha dos carecas, porque as pessoas cantavam “prá que cabelo, prá que Seu Abel?...”  ou quando tocava Maracangalha, sua música preferida porque o fazia  lembrar dos tempos da Bahia. Ele, com suas pernas duras, sem o menor jeito prá dança, se divertia  prá valer. Brincávamos a noite toda até raiar o dia e tudo era maravilhoso. Quando tocavam Vassourinha, ninguém ficava parado  e o salão pegava fogo como é comum acontecer na terra do frevo.
           Os Carnavais da Usina eram tão bons e tão animados que mesmo depois de adultos passávamos lá. Meus três primeiros filhos,  Flávia , Silvia e Marcio, talvez tenham lembrança das matinês que tiveram oportunidade de participar , quando pequenos. Num desses Carnavais que fomos passar na Usina, todos  adultos , fomos convidados por Carlos a ir uma noite para Sirinhaém, quando ele era Vice Prefeito .  Fez propaganda de  um baile municipal muito bom  e  fomos conferir. Não posso deixar de contar essa  passagem engraçada  da nossa  querida e saudosa figura. Carlos era um grande folião e no meio de muita gente que estava no clube, desapareceu de repente. Ele se agarrava com a primeira que encontrasse e fazia  sua festa com a nova companhia . Depois de muito tempo, lá vem ele, agarrado com uma “menina” muito feia, todo animado, cantando:” A minha dentadura caiu no chão... ”e o detalhe da história é que a “gata” não tinha um só dente na boca. Tivemos que sair de perto porque não dava prá agüentar as  caras e bocas que ele muito sem vergonha ,fazia.  Eram as famosas  presepadas de Carlos.
           Quantas lembranças boas e quanta saudade! Quanta saudade do lança-perfume e dos porres  escondidos ! Era bom demais molhar o lenço e dar umas cheiradinhas inocennnntessss.  Ih!!!!!  Isso não era prá ser contado... mas   já foi e era coisa só minha, JURO!!!

Graça, Jan/2012