sexta-feira, 30 de março de 2012

O Crime de AMARA




                    Mais uma vez, a Usina Trapiche é palco das minhas memórias. Aquele paraíso  de açúcar, onde nós crianças vivemos momentos de verdadeira felicidade,  não tinha noticiário policial e tudo era paz. De vez em quando alguém fazia uma transgressão nada significante e ninguém  alimentava qualquer tipo de neura  em relação ao perigo ou às maldades humanas.  O lugar era  realmente  muito  pacífico e de uma  certa  forma não  nos preveniu  contra  as maldades do mundo. Acho que naquela época , ainda não tinham aberto as portas do inferno e as almas perversas existiam em menor quantidade.  Não acredito que tivesse alguma coisa a ver com  melhor administração pública ou coisa que o valha, porque desde que me entendo por gente o aspecto político sempre foi sofrível.  Talvez existisse mais educação  doméstica, mais famílias estruturadas, mais respeito às leis e menos audácia dos espertos de carteirinha.
                   Hoje , temos o desenvolvimento  cultural, econômico, tecnológico, informático, facilitando a vida e aproximando o mundo, numa globalização frenética. Pagamos o alto preço da perda de valores, de segurança, de paz. É maravilhoso, pegar um avião e em poucas horas estar do outro lado do mundo,  apertar um simples botão e ver o que acontece em qualquer parte ao vivo  ou poder se comunicar sem fio, sem aparato , da forma mais simples possível. Vivemos um momento de resultados da incrível  inteligência humana, concretizada em  grandes e magníficas  invenções.   Tudo isso me deslumbra, tudo é muito  fantástico ! Apesar de tudo, sofremos as conseqüências  de tanta criação e também de tanta destruição.  Isto , todos nós sabemos e sentimos na pele. 
                  O que eu quero mesmo, sendo menos prolixa, o que é meio difícil, é contar a minha história,  que me proponho desde o início. Prá isso tenho que voltar à Usina Trapiche, meu oásis  interior ,nesse mundo desértico e cheio de agruras.
                  No clube da Usina , tinha um bar sempre aberto, onde íamos tomar alguma coisa de vez em quando.  AMARA   era a moça que atendia no balcão e uma ótima pessoa que todos conhecíamos e com quem  sempre falávamos.  Ela morava em Rosarinho,  um lugar um pouco afastado mas que permitia que viesse todos os dias cumprir suas obrigações de funcionária do bar. Tudo bem.  Um dia tivemos a notícia que ela havia assassinado uma moça. Aquilo ecoou como uma bomba.  Todos se mobilizaram para obter maiores informações  e foi um acontecimento inédito na nossa pacata Usina, um verdadeiro rebu.
               Depois de muita especulação ficamos sabendo que ela discutiu com uma vizinha por causa de um pássaro. Não lembro bem o motivo certo da briga, só sei que a filha da vizinha, uma mocinha de uns 13 ou 14 anos, por ver que a contenda estava se agravando, resolveu ir buscar ajuda com o pai que era funcionário da Usina e no momento estava   trabalhando.  O caminho era um tanto deserto e cheio de vegetação.  Amara, percebendo que a menina  saíra em busca de socorro, se armou de uma faca e conseguiu fazer um atalho e ficar de tocaia no meio do trajeto, dominando sua vítima e desferindo golpes de faca, matando-a.    Fugiu em seguida e se embrenhou no mato. Aí veio a polícia de Sirinhaém  e empreenderam a busca da autora do crime.
               A menina morreu na hora . As pessoas iam e vinham e a gente que era criança, ficava na maior curiosidade , por se tratar de um fato inusitado  no nosso pequeno lugarejo.  O acontecido teve uma repercussão enorme e nos deixou muito assustados. Lembro que chorei muito de pena da menina que morreu e de pena de ver a figura daquela mulher desfigurada pelo arrependimento. Depois de algum tempo, a polícia encontrou  Amara  e  a colocaram numa caminhonete, que ficou parada durante algum tempo, na frente da Usina. Fomos lá  e eu nunca esqueci a expressão do seu rosto, o desespero do seu olhar. Aquela moça que sempre nos atendia tão bem e parecia gostar de crianças, ali estava acuada, desalinhada, indo para a cadeia. Foi a última vez que a vi e sei que foi julgada e pagou pena em um presídio,reduzindo seu tempo por bom comportamento.
                  Foi a primeira vez que me vi diante de um crime tão bárbaro e por um motivo tão fútil. Não entrava na minha cabeça, como alguém que eu conhecia de perto e sabia ser uma boa pessoa, podia cometer tamanha  ignomínia. A pergunta não era só minha mas de todos que não estavam acostumados com esse tipo de coisa. Naquela época e principalmente para nós que vivíamos em lugar tranqüilo, foi o acontecimento mais chocante. Matar alguém era uma coisa abominável, um pecado contra Deus e a vida, bem diferente do que acontece hoje, que o homicídio se banalizou.  As pessoas matam por motivos tão torpes quanto os da Amara e parece que já nos acostumamos com isso.
                    Fico muito angustiada com o esvaziamento moral  dos tempos atuais e peço a Deus que não permita que o homem , um ser racional , se deixe levar pela falta de sentimentos,  sujando de sangue as suas mãos e seu espírito por conta de  um impulso tão reprovável. Peço também, para que a Justiça  seja sempre feita  com sabedoria ,para que não haja tanta impunidade.
                     O crime de AMARA, me marcou muito como criança e me fez ver como é fácil tirar a vida de alguém, como somos  passíveis de um descontrole emocional, como somos passionais e impulsivos.  Quantos   agem  de forma inesperada , sem que sejam pessoas más ?  Falta Deus no coração das pessoas e hoje muitos tem vergonha de professar uma fé , abrindo as  portas   para a intolerância, para o sadismo e a necessidade  de se sobrepor aos bons princípios e às leis divinas e humanas !!!

Graça/2012

LAPIDAÇÂO


Nem  Mãe Coragem, nem mulher fortaleza,
Sou apenas  nordestina pé de boi ,
Sem medo da vida, sem medo da morte,
Sem lamentar o que já foi.
Em terreno desconhecido pisei um dia,
E pude ver com alegria
Que com vontade, se pode fazer;
Com amor se pode vencer,
Com sabedoria  se pode  viver.

Na batalha de todo dia,
Procuro uma luz ,talvez  um guia.
Fácil é uma palavra muito difícil
Na vida de alguém como eu, 
Que muleta não aceita no seu caminhar.
Imperfeita, impulsiva, temperamental
Sou  sobretudo  um ser passional,
Sempre em luta com a razão
Tentando  sempre  não  ser radical.

Sei  que  o tempo me lapidou,
Levou junto as agruras do passado;
Encheu de flores a minha estrada,
Me deu um céu estrelado.
Encheu meu coração de venturas ,
Me deu frutos, os mais preciosos,
Estendeu a minha  existência,
Fez  os meus dias mais ditosos.

Só me resta agradecer tudo que recebi
E pedir a Deus que sempre proteja,
Aqueles que por sua graça concebi.
Que ilumine os seus caminhos
Orientando os seus pensamentos ,
Provendo de amor e paz os seus ninhos,
Ajudando a realizar todos os sonhos,
E  intensamente  viver os seus momentos.

Graça,março/2012

quarta-feira, 28 de março de 2012

ARARAQUARA , A MORADA DO SOL


                       Em recente viagem de ônibus  à Araraquara , pude observar a beleza  da região, durante todo o percurso.  Mergulhei na esperança verde da vegetação  que margeia  a estrada  bem cuidada  em toda sua extensão , admirando  o capricho das terras cultivadas e pensando que  um país tão rico de natureza,  com tanta terra, poderia  não ter  tantos  problemas.  A princípio o que me vem logo à cabeça é a pergunta que não quer  calar :  por que  o governo não incentiva a população a permanecer no interior, tornando interessante que lá se instalem outros, dando condições de trabalho e moradia, descentralizando a economia para outras cidades , em  vez  de  facilitar a aglomeração  perversa  da  Capital ?   É  impressionante   a  diferença  entre  a   grande cidade e as do interior. A impressão que temos é que tudo funciona melhor e o povo é menos  estressado .  Admito que não se  pode  comparar as oportunidades  e  as  facilidades  em alguns aspectos.  Mas  há de se destacar  a  qualidade  de vida  que  estas oferecem.
                      Araraquara me encanta sobremaneira  e  não posso deixar de comentar  as suas qualidades  visíveis. Não é sem  motivo , que é considerada  a “ quarta do país “ em qualidade de vida.  Tudo  lá, funciona  muito bem e o povo é mais feliz.  A impressão  que tenho  é que  as famílias são mais estruturadas  por terem  mais tempo juntas.  As  distancias  não  impedem ninguém  de  fazer  o que   precisa sem  a necessidade  de perder  tanto  tempo.   Os serviços prestados à população,  são  muito  eficientes em todos os aspectos. O comercio não deixa a desejar,  porque  tem  tudo  que  se  precisa  para viver  bem. Em todos os aspectos, a cidade corresponde às expectativas  da população.
                       É verdade  que  os  grandes  centros , são maravilhosos  em  termos  de  ganho,  desenvolvimento  e atrações as mais diversas, mas é verdade também que todas as mazelas estão lá.  As pessoas vivem  correndo , sem tempo prá nada, se alimentam mal e gastam tudo o que ganham  sem conseguir realizar coisas simples que fazem bem para todos.  A saúde, a educação,  a  segurança  e serviços  básicos  são  da  pior  qualidade. As pessoas  moram  mal, apertadas  em  cubículos ínfimos,  sujeitas a  uma  série  de  dificuldades,  quando  não  se amontoam em barracos, sem a menor infraestrutura,  expostas  a  toda sorte de infortúnios, sofrendo  todo tipo de abandono. Sabemos que uma cidade como São Paulo é maravilhosa para quem tem sua vida estruturada, mora bem e tem uma boa renda. Para os que sonham em melhorar de vida e principalmente para os que vem de fora, é muito difícil. Ninguém conhece ninguém, a solidariedade humana é pequena, porque o medo é maior do que a vontade de fazer algo pelo semelhante, uma vez que ninguém é confiável. Isso é muito triste para pessoas como eu que gostam de conversar e conhecer  gente.
                      Acredito que se houvesse uma melhor distribuição de renda, mais interesse da administração pública em proporcionar  uma vida mais digna aos filhos dessa terra tão grande, rica e promissora, teríamos menos cadeias abarrotadas, menos violência, mais futuro para nossas crianças. Falta-nos  o entendimento de povo desenvolvido, falta-nos orientação , falta honestidade, patriotismo e idealismo de políticos que se habilitem a trabalhar por um Brasil melhor e mais humano.
                       Araraquara é chamada de MORADA DO SOL  e não é sem motivo, porque o sol realmente  mora  lá, clareando  a cidade,  tornando-a  alegre e hospitaleira. O sol  parece aquecer os corações  dos que ali vivem.  O ar é puro e  faz um bem  enorme aos  pulmões ,enchendo de energia  os que caminham e se exercitam.  Há uma descontração nas  pessoas , uma alegria de quem tem uma vida com mais qualidade. Até o bronzeado  de todos, comum numa terra ensolarada, enseja um aspecto mais saudável.
                       A cidade é muito ampla, com ruas bem cuidadas, casas simpáticas, com flores nos jardins e plantas viçosas, cheias de vida e de frescor. Tudo isso me encanta e me leva a crer que todos nós merecemos  a  felicidade de uma vida mais tranqüila , com nossa família por perto , com tempo prá curtir a nossa casa , nossos filhos, nossos amigos.  Essa facilidade de estar perto de todos que amamos, faz falta na vida de quem como eu , teve essa condição. Todos nós merecemos andar tranquilamente, sem aquela neura de estar em perigo. È pena que nós  entendamos isso muito tarde, depois de perceber que as vantagens da cidade grande, são ilusórias, válidas apenas na época de aproveitar as boas oportunidades e, só  de passagem.
                      Araraquara , não tem o mar da minha terra, mas o sol benfazejo me faz lembrar o que deixei prá trás e acho  que é  isso que me apaixona,  além  da oportunidade  de me sentir acolhida pelos meus  amigos que ali moram .
                      Quando vou prá lá, fico encantada de ver  como tudo funciona sem contratempos e penso que se não fosse pela idade, que não me permite ousar,  enfrentaria  uma mudança de vida e arrastaria comigo os meus filhos e netos   para  a  MORADA DO SOL.

Graça, março/2012

quarta-feira, 21 de março de 2012

REFLEXÕES


                     Fico observando no facebook,  como as pessoas de diferentes idades, buscam frases e pensamentos prontos, orações, imagens que signifiquem talvez, o seu pensar  e  confesso que me encanto com a profusão de mensagens.
                       É interessante  sentir como todo mundo anseia por felicidade, paz , amor, liberdade de expressão, sentimentos necessários à nossa vida  e como se posicionam contrárias  às coisas erradas  e nefastas do nosso dia a dia. Como uma coruja, presto muita atenção  a tudo. Depois  fico pensando com meus botões, como nós , seres humanos  nos sentimos vulneráveis e fragilizados diante da vida.
                       Sempre foi assim e não vejo como ser diferente.  A vida é uma caixinha de surpresas, uma verdadeira roda da fortuna, onde nós nos deparamos diariamente com coisas diferentes, boas ou más, que nos ensinam, nos testam  e nos fazem crescer. Tendemos a nos apegar a silogismos que determinam o nosso  comportamento ,  nos levando  à insegurança, ao medo de ousar. Talvez  seja fácil para alguém, que já viveu muito, entender  a vida  de uma forma  menos  pragmática.
                         Cada um de nós , chegando a esse mundo é submetido de uma forma ou de outra  a uma série de exigências em se tratando da formação  e preparação para a vida. A educação, a  instrução ,  os  valores  morais,  princípios  religiosos  tem  seu  tempo de ser     incutidos  na mente de cada ser humano. A partir daí , as escolhas são pessoais  e representam o  que cada um  quer para sí.  As conquistas não podem ser atropeladas. Elas virão depois  do esforço, do trabalho , do sofrimento  e são certamente , diversas para cada pessoa.  É  aí que o silogismo não funciona.  Nada tem que ser  assim , porque é fatalmente a conclusão de uma forma de pensamento.  Como falei antes, a vida é uma verdadeira  “ Roda da Fortuna”:  nós fazemos acontecer.  È  a lei  de “ causa e efeito”.  Somos responsáveis pelos nossos atos e se não ousamos, nunca saberemos  o que poderia ter acontecido. Fala-se  muito : “ Eu só não quero me arrepender do que não fiz “,  só que a opção de fazer ou não , é a escolha. Não existe destino  nem tampouco fatalidade.  É fatal, apenas a morte!  Disso, ninguém  escapa.    O resto é tudo  escolha , a escolha  espiritual que fazemos , antes da vida terrena.  Nós determinamos o que queremos  ser , sempre com a finalidade maior de  evoluir.
                           Às vezes questionamos o ter  mais ,ou menos, materialmente falando, de alguém que conhecemos. Aquele que tem muito, não tem  escrúpulos , é uma pessoa insensível , etc.    A responsabilidade dele diante de Deus é tão grande quanto a do que não tem nada e às  vezes, veio privado de algum de seus sentidos. Este ou aquele, escolheu   vir assim. A forma como ele vai conduzir a sua vida, é sua responsabilidade.  Cabe a cada um , fazer da sua vida, um tempo de felicidade ou um insuportável fardo.  Não podemos ficar esperando que Deus nos dê isso ou aquilo. Podemos pedir sua ajuda sim, mas temos que fazer a nossa parte. E a nossa parte é entender o que  somos, de onde viemos e para onde vamos. Não adianta camuflar a nossa missão. Mais cedo, ou mais tarde, tudo será  claro e cobrado.
                         A  FELICIDADE  envolve a sensação de dever cumprido, consciência tranqüila, harmonia , amor  e com certeza os prazeres terrenos . Você pode ter muito, materialmente e ser uma pessoa extremamente infeliz, porque lhe falta paz de espírito.  Como  também , você pode não ter nada de seu e ser uma pessoa extremamente  feliz, irradiando uma  energia  contagiante.   Tudo depende do  SER,  o que cada um entende da sua razão de viver.
                         Não é fácil chegar a essas conclusões.  Somos seres mutantes e sofremos as interferências do mundo material.  O importante  é saber que somos deuses a caminho da luz, que a nossa jornada é longa, a estrada estreita e cheia de percalços e que tudo tem uma razão de ser, com a finalidade  de nos melhorarmos mais e mais.
                        Para concluir, não existe pecado, não existe castigo divino. Existem erros que a qualquer tempo podem ser corrigidos e o castigo, nós nos impomos quando fazemos alguma coisa que pesa na nossa  consciência . Todo sentimento  tem que ser verdadeiro  para que enseje a felicidade que buscamos tanto.

 Graça/2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Meus Quinze Anos ( Minhas Memórias)

                Toda menina sonha com os quinze anos !  Eu também sonhei com os meus. Fiz planos e construí castelos em cima da data marcante.  Na época,   era comum  uma grande festa com baile, valsa ,etc., etc.  Acho que eu sonhava com essas coisas,sim .                                                                                                                                                                                                             No dia em que fiz quinze anos, eu estava interna no colégio e recebi a visita de Papai e Mamãe naturalmente, mas não saí. Tia Mana também foi me ver e me levou de presente, um terço de cristal cor de rosa, lindo e maravilhoso. Fiquei muito feliz com o presente. Eram outros tempos realmente !!!  Imaginemos hoje, uma  mocinha  ganhando de presente, um terço de cristal cor de rosa,  nos seus quinze anos!   Prá um monte delas,  seria o cúmulo da  breguice !   Outras, nem sequer saberiam prá que serve um terço !  Mas comigo ,que nessa altura do campeonato, queria até ser uma freira, foi perfeito.   É, eu era tão apaixonada pelas freiras e tão encantada com  sua  vida , que  eu  queria  ser  uma delas!   O negócio  era tão  sério que  escrevi  para Papai,dizendo que tinha resolvido a minha vida, que eu queria ser uma salesiana .  A resposta foi  truculenta, curta e grossa.  Ele respondeu minha carta com um bilhete desanimador com as seguintes palavras : - “ Quem você pensa que é prá decidir a sua vida?  Quem decide a sua vida sou eu !”                                                                                                                                                                        Não preciso dizer que a vocação religiosa acabou ali e não se  falou mais no assunto.  Aliás, a vocação existia, só quando  eu estava no colégio, porque  eu acho que era mais prá fazer média com as freiras.  Quem corria atrás de freira no colégio, era chamada de    “LAMBRETA”  pelas outras meninas e eu fui a maior lambreta do pedaço.  Eu era estudiosa, bem  comportada, educada, um exemplo de menina a ponto da freira que administrava o internato, me trocar de lugar no refeitório com freqüência , substituindo alguma encrenqueira e dizia que fazia isso , porque eu era a “ pomba da paz”.   
                       Eu fui uma adolescente tranqüila  e muito quietinha. Quando eu ia prá casa, nas férias , esquecia  a vocação e ficava normal. Quando  eu aprontava, mamãe  ameaçava  contar para as freiras como eu era na real.  Não que eu fizesse nada de mal,  só que em casa, eu não queria ajudar e ficava horas no quarto trancada, lendo  fotonovela  e viajando na maionese. De vez em quando, as brigas com os irmãos e com Lia principalmente, porque ela queria mandar em mim e as  malcriações  com mamãe  eram freqüentes.                                                                                       Ela me chamava de “Santa do páu oco “  !!!      Acho que eu tinha dupla personalidade ! Quá...quá ...quá .  Será ?      ver era uma forma de defesa. Eu me comportava bem no colégio e era paparicada. Era muito bom!   Funcionou e eu me dei muito  bem.                                                  Quem não gostou nada dessa história foi Luiza, quando foi interna, depois de mim. Ela odiava as comparações que faziam comigo e me chamava de fingida.  Também não era assim , eu era boazinha de verdade.   Luiza , sempre  foi muito inteligente e  era ótima aluna, só que não era muito estudiosa e era muito moleca.  Gostava mesmo era de brincar e jogar e,  não parava quieta. Prá ela foi difícil, se submeter às regras do internato.
                  Voltando ao tema de hoje, fiz aniversário de quinze anos no colégio, mas quando fui prá casa nas férias de julho,  mamãe  e Lia  resolveram  fazer uma festa prá mim e organizaram tudo, convidaram todo mundo  e   até Seu Barros , dono  da loja de tecidos em Sirinhaém  , foi convidado. Francisquinha, esposa de Jorge, foi escalada prá fazer o meu vestido e deu a idéia do modelo.  Compramos o tecido em Sirinhaem e o vestido foi confeccionado. Era um verde esmeralda e  o modelo ,o que havia de mais moderno :  um balonê, desses que a saia fecha nas pernas que nem um balão.Parecia um vestido desses que se usam atualmente, com o corpo bem modelado e a saia com pregas na cintura e na parte de baixo. 
                    Como complemento , eu usei  um sapato preto de salto alto pela primeira vez. Eu me senti um "peixe fora  d’água" com aquele traje, mas muito eufórica com a festa.  Foi muita gente e mamãe caprichou nos doces e salgados.  Minha grande expectativa era a  presença  do Seu Barros,  aliás  o presente  que ele me levaria.  Não deu outra :  ganhei todas as marcas de sabonetes  e talcos ( daqueles que vinham numa caixa, com esponja),  perfumes  e alguns biscuits . Tudo de bom !!!  Fiquei muito feliz e cansada de andar com o salto alto, tropicando aqui e ali e com a saia prendendo minhas pernas, o que me dificultava o andar. Não teve baile, nem valsa  mas de uma certa forma tive meu sonho  realizado e minha festa  foi maravilhosa, bem nos moldes da época. Tudo bem que a experiência do primeiro salto alto, foi desastrosa , mas foi a primeira vez e assim é.
                     Eu era uma moça muito pura e sem grandes ambições  e ficava feliz com o  que me era oferecido. Mamãe e Papai se esmeravam  prá  dar  essa felicidade  prá gente  e hoje eu só posso  agradecer  à vida, a oportunidade  de tê-los como pais.   Minhas saudades são muito verdadeiras  e minhas  lembranças ,   a riqueza  que guardo com muito AMOR !!!

Graça,março/2012

segunda-feira, 19 de março de 2012

A SEPARAÇÂO ( Minhas Memórias)

              

                     O ano de 1956 foi um ano atípico.  Enquanto todos nós, os Paurá Peres, estudávamos  como era o normal, Murillo que tinha bombado  dois anos seguidos, ficou  na Usina . Foi um castigo que papai lhe impôs , só que com direito a bicicleta e tudo. O castigado adorou ficar um ano inteiro sem estudar, só curtindo a vidinha gostosa  do nosso mundo açucarado. Murillo adorava jogar bola e quase se profissionalizou, ainda mais que teve um ano inteiro prá treinar.  Eu o achava o máximo !  Ele já era um rapazinho cheio de “ munganga” e eu ainda era menina. Lembro como se fosse hoje, ele na frente do espelho, que ficava na copa, arrumando o cabelo prá sair. Aliás diga-se de passagem que era o único de nós que tinha o cabelo liso e isso era a sua diferença . Ele enchia o cabelo de” gumex “ , o gel fixador da época, ou de sabonete e fazia aquele topete do Elvis Presley , dobrava a manga da camisa deixando-a curtinha , se arrumava todo, se perfumava prá sair. Estávamos às vezes jantando e de repente ouvíamos a campainha de uma bicicleta lá fora.  Lia, que não deixava passar nada, falava :  “ Chegou a nega de Murilo” e todo mundo ficava tirando sarro.  Era o amigo dele, companheiro das aventuras e dos passeios de bicicleta. Os dois eram inseparáveis.
                    Apesar de Murillo ter repetido o 1º  ano do ginásio, por dois anos seguidos , nunca vi  Papai ou Mamãe ficarem cobrando isso dele. Ficar um ano sem estudar, foi o castigo e pronto, o resto era festa.
                   Era o meu último ano de escola e um novo problema se desenhava na cabeça de Seu Abel. O que fazer no próximo ano?  Mais um de seus filhos alcançava a idade de ir para o colégio e ele tinha que dar um jeito.  Valério e Carlos moravam numa pensão e a despesa já era grande. Murillo teria que voltar ao colégio e eu já  estava chegando.  Lembro que nesse ano, tio Marcelo ( irmão de Papai ) foi nos visitar na usina e nos convidou prá ir com ele prá Mussurepe, a usina onde ele era químico. Acho que já era final de ano, porque eu estava em férias. Fomos com ele, eu e Murilo e, passamos uns dias muito  gostosos .  Eu adorava o tio Marcelo e tia Hilda. Os dois formavam um casal maravilhoso, eram muito liberais e a gente ficava à vontade com eles. Nesse período, a interrogação quanto a  mim , estava no ar. Passou o Natal e nada de se resolver o meu destino. A praia foi cancelada e ficamos todos na Usina. De repente  , não sei como, ficou resolvido que eu iria para um colégio interno.  Tia Mana falou com papai que ela assumiria meus estudos. Só que eu já tinha perdido o exame de admissão ao ginásio, no final do ano e fui para o colégio em fevereiro e fiquei interna por 15 dias para fazer o exame de 2ª época. Não tive dificuldade e passei  em primeiríssimo lugar, uma grande vitória prá aquela menininha caipira , pela primeira vez  enfrentando a cidade grande. Eu me apaixonei pelo colégio. Era outro mundo e eu fiquei deslumbrada com tudo.
                    E começamos 1957, com muitas soluções.  Valério  Foi convidado pelos tios do Rio   ( tia Ção, Vita e Apolônio) e foi embarcado prá lá.Sofri muito com esta separação, afinal estava me separando de um irmão pela 1ª vez e ainda mais de Valério, que era meu ídolo. Carlos foi prá casa de tio Marcelo , Murillo foi prá casa de tia Auta e eu fui interna no Instituto Maria Auxiliadora, das irmãs Salesianas, onde estudei  por 7 anos. Enfim , eu e Murillo fomos fazer o 1º ano do ginásio. Eu interna e ele na casa da tia Auta, estudando  ele  e Carlos ,no  Colégio Estadual  de Pernambuco, talvez a mais respeitada instituição de ensino da época .Apesar da mudança radical na minha vida , eu adorei o colégio e me adaptei muito bem, sem nunca ter tido qualquer problema. O sistema era rígido no que se referia aos estudos e à disciplina , mas eu amava estar ali. O chato é que além das férias de julho e do final do ano, só tínhamos direito a duas saídas. Podia sair no dia escolhido e tinha que voltar no mesmo dia. Prá mim , não fazia muita diferença, porque não dava mesmo prá ir prá casa e eu me conformava com as visitas aos Domingos, de Murillo, que sempre me levava uma barrinha de doce. Todo Domingo , ele chegava muito tímido, porque as outras meninas ficavam me chamando e gritando que Graço Mario estava me esperando. Na verdade elas eram doidas por ele ,mas não tinham acesso.
                    O colégio foi uma benção na minha vida. Lá eu vivi muitas coisas boas e aprendi  muito. Graças a Deus  , saí de um mundo mágico da Usina Trapiche e entrei num outro maravilhoso. Acho que o fato de ter  ficado alguns anos em outra redoma foi de certa forma muito valioso. Eu só tive contato com o mundo real quando já era uma mocinha com 16 anos e assim mesmo saí do colégio para morar na casa de tia Mana, onde eu era protegida e amada, sem conflitos.
                    Quanto a mim ,a partir daí , tenho muito o que contar.  Em 1957, nossa vida mudou radicalmente. Fomos separados pela necessidade de estudar e isso nos afetou muito. Deixar a Usina Trapiche, foi um salto para o desconhecido e cada um de nós teve a sua quota de sofrimento e dificuldade. Cada um tem sua história prá contar . Graças a Deus tivemos uma boa formação e muita ajuda da família e não nos perdemos.  Todos seguiram seus caminhos e tiveram suas conquistas !!!!

Graça,março/2012                 

sexta-feira, 16 de março de 2012

NAVEGAR NO SONHO



Navegar no mar de sonhos,
É libertar  a alma
Soltar os grilhões, as amarras
E se aventurar no infinito,
Contar  estrelas , seguir cometas.
Deixar que o vento  açoite a noite ,
E volitar silente sobre o mar azul.
Ouvir quem sabe o canto da sereia
Que vagueia nas águas do mar.
Flutuar na espuma branca
E  docemente me deixar levar
Pelas ondas voláteis da mente
Provar o doce manjar do céu,
Sorver o néctar do precioso mel
Alimento da alma que acalma
E transcende o real, a vida enfim,
E o que ficou latente  em mim.

Graça,março/2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

RETALHOS


São tantas coisas a dizer...
Mas  o tempo não espera , corre célere
E as palavras se atropelam, engasgam.
E minha alma tem pressa...
Imersa  no meu pensar
Corro, mas o tempo é mais veloz  ,
Me trava , me deixa sem voz.
Não posso parar o tempo,
E  corro atrás do passado .
Recolho  retalhos de vida
Trago de volta o que o tempo levou.
Minha mente não sente
Que o tempo passou.
A voz se faz presente, as palavras saem
Meu pensamento voa , minha alma,
Canta e se encanta , se enche de luz
E eu posso por um momento
Vencer o tempo  e ter o que me seduz.

Graça,/março

quarta-feira, 14 de março de 2012

AS PEDRAS


Um tropeço, uma lágrima, o desencanto...
Alguma coisa mudou...
Mas a vida continua, o tempo não para
Busque  força  na força da alma,
Erga a cabeça, tenha calma,
Alguém  o escuta,
Seu pensamento  perscruta ,
Indica a labuta que deve continuar.
 Se encha de fé e volte a lutar.
As pedras no caminho, nos fazem pensar
Que a vida  existe e também  insiste
Prá nos fazer melhorar !!!

Graça,março/2012

terça-feira, 13 de março de 2012

O PENSAMENTO


Seu pensamento pode aliviar a minha dor
Você pode com a força do seu pensar,
Me  livrar  de um enorme  sofrimento,
Só não esqueça que a energia  emanada,
Se não for produzida pelo sincero amor,
Pode decerto  aumentar o meu tormento.

Pense, pense sempre com muito cuidado,
Pense puro, livre dos  maus sentimentos.
A  vibração  boa ,pode ser um mandado
De força, de fé , de alívio, um ungüento ,
Uma luz muito clara e reluzente,
Na escuridão de um coração desesperado.

Afaste da sua  mente,inveja, mágoa, rancor,
Protegendo-a  e recebendo de volta, também
As irradiações benfazejas do seu imenso amor.
Não meça  nunca ,sua desdita ou  sua felicidade,
Pela vida pior  ou melhor  que o outro tem,
Seja sempre grato ao céu pela sua oportunidade.

  é seu de verdade aquilo que Deus lhe deu,
Cabe a você , com muito trabalho e persistência
Cuidar com desvelo  e zelo do bem que recebeu .
Viva a sua vida, trabalhe a mente com sapiência
Não pense que este  mundo é somente seu,
Seja antes de qualquer coisa fiel à sua  consciência .

Graça, março/2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

A Casinha Do Morro



                     A estrada esburacada e poeirenta no verão e , no inverno,  cheia de barro e quase intransitável, era o acesso principal, da Usina até Recife.  Fazíamos  o percurso  todas as vezes que precisávamos e a viagem demorava normalmente  umas  três horas  de  ônibus, quando não havia nenhum problema. 
                      Eu adorava a viagem, adorava a paisagem  e marcava os pontos do trajeto, ora com uma árvore, ora com uma pedra, às vezes pintada de branco , ou ainda  com uma casinha na encosta do morro, que me fazia sonhar. É , eu também sonhei com um amor e uma casinha como aquela, pintada de branco, com uma porta e uma janela azuis, no meio de um quintal bem varridinho e rodeada de plantas, de preferência com flores. Era tudo que eu queria !                         Nas minhas idas e vindas por aquela estradinha, eu me deixava levar pelo sonho e a vida me parecia tão simples e tão fácil...          Na minha cabecinha de quase adolescente, quem vivia naquela  casinha , tinha tudo prá ser feliz !  Nunca me passava pela cabeça que viver fosse uma coisa tão complexa. Nunca pensei  nas dificuldades  do isolamento daquelas pessoas, longe de tudo, privadas de qualquer conforto. Nunca me ocorreu que eu  pudesse  não ser feliz  tendo uma vida igual.
                     Numa dessas viagens, eu estava indo prá Recife com Lia , que me levaria para o colégio interno, pois era a volta das férias de junho/ julho.  A estrada era um mar de barro e os buracos , vez por outra surpreendiam o motorista, que no meu entender era um ás do volante.  Mesmo com toda sua perícia, não foi possível evitar um transtorno que nos deixou na estrada por um bom tempo. A viagem de três horas virou uma longa viagem de sete horas. Na estrada não tinha nada que pudesse nos socorrer nas nossas necessidades básicas. Esperamos pacientemente que o percurso fosse retomado, até que não deu mais prá segurar a vontade de  ir ao banheiro. Alguns passageiros, se aliviaram ali no mato mesmo, mas eu , uma mocinha recatada, não tive alternativa .  Tive que optar por um banheiro e empreendi  a caminhada morro acima com destino à casinha branca dos meus sonhos. E lá fui eu , lépida e formosa pedir socorro  à dona da casa , que muito solícita me indicou um cômodo . Entrei lá e de cara, vi que não se tratava de um banheiro e fiquei sem saber o que dizer. Ela me mostrou no canto do quarto  um” pinico branquinho”.  Sem opção aceitei a oferta e elegantemente, fiz o meu xixi amigo que já me estourava a bexiga.  Nova dificuldade surgiu no momento :  o que fazer com o pinico ?  Ela, gentilmente me disse que não me preocupasse com isso que ela resolveria. Foi muito constrangedor ter que fazer xixi no pinico !!!
                      Voltei para o ônibus que logo seguiu viagem e durante o resto do percurso me mantive quieta e pensativa. Tinha acabado ali o meu sonho de um “amor e uma casinha “!      Não sei muito bem o que aconteceu comigo. Acho que naquele momento eu percebi que as pessoas querem mais da vida e por isso fazem outros sacrifícios para  atingir os seus objetivos.  Acho que entendi  o esforço de nossos pais para que estudássemos.  Não me senti decepcionada com o que constatei, apenas percebi que a gente dá muito valor a conforto e outras coisas, que aquelas pessoas que tem a sua vida mais simples  não valorizam talvez.  Tenho absoluta certeza de que quem ali vive é feliz. Percebemos isso pela forma como se tratam e como tratam do seu precioso bem. A casinha que eu visitei, era de uma limpeza impecável, tinha um cheiro bom de comida sendo feita e as pessoas eram gentis, educadas e tranqüilas.
                     Talvez  aquela visita, tenha acabado com o meu sonho de menina, mas não tirou de dentro de mim o encanto de saber que a felicidade pode estar em todos nós, independente de ter ou não. Esse pensamento me acompanhou pela vida toda e em alguns momentos eu quis  ter uma casinha no morro e ser  FELIZ !!!

Graça,março/2012

sábado, 10 de março de 2012

O MAR


O mar, esse gigante azul de águas inquietas,
Que me faz mergulhar na sua imensidão,
Buscando lembranças, momentos bons,
Suas ondas embalando o meu coração .
Esse  mar , ora manso  e sem balanço,
Tranqüilo  , calmo , suave,  e quente...
Ora  esmeralda ,ora  azul de vários tons,
Que à lua obedece e às vezes  se enfurece;
Crescendo  em ondas que se arrebentam
E lambem vorazes  a branca areia da praia.
O mar que entoa canções no seu cantar,
E que enche de sonhos o meu sonhar.
Esse mar de saudades que me alimentam
A  esperança de um dia, poder voltar
A ser  criança .sempre que a lembrança
Tiver a terna vontade de me arrebatar.
Esse mar vive em mim com toda certeza
Acompanha de longe o meu caminhar
Como se filha eu fosse de tanta beleza!!!

Graça,março/2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

O ÉDEN ERA NO BRASIL



Deus criou o mundo e um  maravilhoso paraíso,
Pôs  tudo de sobra, uma mulher, um homem normal,
Um  só fruto proibido e uma cobra sem  muito juízo
Que cutucou os dois prá fazer  um  tremendo bacanal.

Adão muito viril, empolgado com tamanha felicidade
E ao seu lado,  um mulherão que era aquele colosso,
Ouviu a cobra, se corrompeu, esqueceu a lealdade
E comeu  com  muito gosto, o fruto até o caroço .

Começou  ali de verdade a nossa vida na terra !!!
Adão e Eva rebelados, tarados , cheios de amores
Abraçaram todos os prazeres que o sexo encerra
E nós ,mortais ,ficamos sujeitos a todas as dores.

Que castigo complicado, esse que Deus nos deu
Mandou que nos multiplicássemos de que jeito
Se não podíamos comer o fruto que Adão comeu?
Prá completar o castigo, nos fez trabalhar com efeito.

Achando pouco acabar com todas as mordomias,
Dividiu o mundo em  continentes, países,recantos mil
Encheu de riqueza e poder as grandes economias
E  os maiores bandidos e ladrões ,pôs aqui no Brasil.

Não posso garantir, mas tenho quase certeza
Que o paraíso  ficava  bem aqui ,em terra brasileira.
Prá compensar, Deus nos deu essa rica natureza
E o pior castigo de ter toda sorte de bandalheira.

Deixe  estar , o brasileiro tem agüentado bem ,
Só não dá prá agüentar algumas dores estranhas
Que o corpo e a alma da gente sempre tem  ;
Além de  nos deixar loucos , nos ferem as entranhas

Ficamos com a liberdade de fazer o que quiser,
Além da  inteligência , nosso mais importante legado ,
Prá encontrar remédio prá qualquer mal que tiver,
Ter  remédio de todo jeito , até prá” dor de veado” 

Quando correr e a dor de veado  quiser apertar,
Põe uma folhinha de mato na cintura e dispara
Corra  bastante , corra  até não mais agüentar,
E eu  garanto que a malfadada dor ingrata para .

Mas o homem por ter pecado ,  a tudo ficou sujeito,
A dores que não tem cura  e nem mesmo um refresco.
Dor de corno , flecha cravada , fincada cruel no peito
Dos males o pior , o mais difícil e mais grotesco.

Prá dor de cotovelo também, remédio  não existe.
Dor mortal  que atormenta a alma ,esquenta a mente
Que fica remoendo, não se afasta, nunca desiste;
É como dor de saudade que maltrata tanto a gente.

Tudo por culpa de Adão , primeiro homem do mundo;
Tinha que ter comido quieto ,aquele fruto proibido
Mas deixou que todos soubessem do seu pecado profundo,
E nós pagamos hoje, com a  falta do paraíso perdido.

Chorar não adianta, porque o leite já foi  derramado,
Só nos resta pedir a Deus que  a sua misericórdia,
Afaste de nós os corruptos, os políticos desalmados,
As dores de corno , de cotovelo  e também  tanta discórdia.

Não podemos ficar prá sempre, pagando sem parar
Pelo  pecado de um homem e sua mulher sem juízo,
Se nem sequer podemos ,com propriedade ,afirmar
Que era aqui no nosso Brasil , o frustrado paraíso.

Proponho um abaixo-assinado, coisa que o povo gosta
E que no Brasil,  país das maravilhas, nunca vi fazer  efeito,
Porque aqui, o povo é sem direito a nenhuma  proposta,
Mas com Deus ,talvez funcione sendo justo e perfeito.

Vamos pedir todos juntos que além de jogo e carnaval,
Na  nossa terra tão linda e  cheia de encantos mil
Haja menos dores sem remédio e muito mais moral,
Para todos que administram o nosso sofrido BRASIL.
Graça,março/2012