CASAMENTO
Os tempos mudaram, a vida mudou e nós vamos nos adaptando a tudo , embora o saudosismo não nos abandone. Muita coisa perdeu a graça , a hipocrisia saiu de cena e deu lugar à uma liberdade consentida e de uma certa forma saudável ! É, as máscaras caíram e todos são mais espontâneos e autênticos. Acabou aquela história de dizer que fulana não é mais moça e ficar no exílio do “caritó” , porque homem nenhum comprometeria a sua macheza para casar com uma pobre coitada que se perdeu. Perdeu não sei o que ,porque na verdade ela se achou e se tivesse juízo, nunca mais seria achada. O mundo era cheio de “vitalinas” puritanas que prá não darem o braço a torcer ficavam solteironas o resto da vida, guardando prá S. Pedro , o seu tesouro roubado. Mas ninguém podia saber de nada. Era tudo por debaixo dos panos. E assim, as teias de aranha se instalavam e pronto, acabou. Ninguém ousava se rebelar contra o sistema prá não ficar falada. Hoje o que vemos é uma verdadeira bagunça . Ninguém está se preocupando com que o povo fala ou deixa de falar e não tem mais essa de pedir a mão da moça ao pai dela porque já levou tudo mesmo. Quem tem o que dar ,dá mesmo e está tudo certo. Virgindade é coisa do passado. A moçada sabe tudo , conhece o sexo e vive suas emoções sem culpa. Os da “melhor idade” não deixam de viver porque chegou ao ocaso da vida. Todo mundo transa , fala-se abertamente de orgasmo , procuram o ponto “G” e ainda tem o Viagra prá contornar os probleminhas dos que não conseguem” bater continência” .Todo mundo relaxa e goza com alegria e sem encucação. Até as viuvinhas estão alegres. Claro, a vida continua e ninguém fica mais coberta de preto chorando um morto que às vezes nem era lá essas coisas todas. Nem é preciso guardar o “pinto do falecido” para matar as saudades e os maridos de hoje morrem em paz. sabendo que não correm o risco de uma amputação e embarcam com todo seu machismo incólume.
No passado, a coisa era muito diferente. Casamento era a única opção da mulher que esperava um bom partido para ser o seu Senhor , com o dever precípuo de lhe dar filhos e fazer o que ele queria. Na cama , a mulher era tão respeitada , tão respeitada , que não sabia nem o que era um orgasmo. Ninguém sequer falava nisso. O homem , por sua vez , por ser um safado por excelência ,dava vazão aos seus instintos , procurando fora os prazeres da carne. Era um respeito muito louvável ! Macho nenhum queria uma puta na cama do seu lar. E o falso moralismo imperava. A mulher se submetia e se achava a dama das damas. Se uma esposa infeliz chorava suas mágoas, sempre ouvia um sábio que dizia : “ Ruim com ele, pior sem ele”. Por incrível que pareça tinha homem que não deixava a mulher raspar o sovaco, porque era coisa de prostituta. É, não estou exagerando não, a coisa era feia. Hoje , a mulher não só depila as axilas como tudo que tem pelo. Outro dia , perguntei no salão o significado do que estava escrito em uma placa de depilação : “ virilha, parcial , completa” . A moça achou engraçado e me explicou que completa era quando tirava todos os pelos , até do fiofó. Dei muita risada e fiquei a pensar no procedimento, que a mim, por certo incomodaria, mas há de se entender porque sou antiga e recatada. O homem deve se sentir um pedófilo diante de uma mulher sem pelos pubianos. Muito estranho prá minha cabeça , mas com certeza muito excitante.
Antigamente, cuidar dos filhos, era obrigação da mulher que tinha que se virar de todo jeito prá dar conta do recado. Trocar uma frada, fazer uma mamadeira ou levantar à noite não era coisa de macho e a mulher não tinha direito de ter por exemplo, uma depressão pós parto. A gravidez era só dela e ponto final. Hoje , os homens fazem até cursos de pais , ficam grávidos junto com a esposa e participam de tudo que se refere ao filho . Lindo isto !!! O casal vive o casamento com harmonia e participação ativa dos dois , tanto no que se refere aos afazeres domésticos quanto à questão de prover as despesas. O casamento passou a ser uma sociedade de fato, sem que prevaleçam direitos de um ou de outro. A possibilidade de se desfazer facilmente proporciona uma relação mais aberta , uma cumplicidade maior e apesar de muita gente casar por casar, por força de uma paixão, os casamentos construídos com amor e objetivo de formar uma família têm tudo para o sucesso. A mulher não deixa de se realizar como pessoa , como profissional e o homem moderno não se sente ameaçado com seu sucesso. Essa , a parte boa do casamento de hoje. O grande problema é a falta de consciência de muitos, que não entendem a importância de uma instituição tão sagrada e importante , esquecendo que o casamento envolve vidas, deveres para com a família, a formação de um lar de verdade. Muitos priorizam o sexo, os prazeres da vida a dois , esquecendo a compreensão mutua , o respeito, as abnegações, o amor verdadeiro e construtivo.
Olhamos com tristeza os desenlaces precoces, por falta de estrutura e de amor. É normal hoje em dia , os filhos não terem os pais presentes ,crescerem sem a figura paterna e sofrerem o descaso de muitos que não têm a noção de responsabilidade. A banalidade do casamento ultrapassa para muitos, as fronteiras do entendimento do que significa uma relação a dois, com o propósito de unir vidas e formar uma família. Estes partem para o casamento com a finalidade de ficar juntos, mas não se dispõem ao entendimento recíproco e fazem tudo errado, contando com a facilidade de uma separação. Nada os prende , porque estão envolvidos apenas, em uma paixão fugaz.
É comum hoje, a teoria de “ não levar desaforo prá casa” e “discutir a relação”, como se resolvesse alguma coisa. Ninguém, ao querer ficar junto, pensa nos defeitos do outro e nos seus próprios . Falta tolerância e amor. Quem ama de verdade, entende que as diferenças existem e respeita a personalidade do companheiro, procurando harmonia. Brigas, são normais, agressões não. A cumplicidade é mola propulsora para a realização dos dois. Não existe, nem nunca existiu casamento perfeito. Existe sim casamento duradouro de duas pessoas que com sabedoria , sabem cultivar o amor, que deixa de ser paixão e ao longo do tempo se transforma em amizade, em compreensão e respeito, uma sociedade onde os direitos são iguais e admiração e prazer em estar juntos são reais. A felicidade é de cada um , não dependendo do que outro pode ou não dar. O respeito à individualidade de cada parceiro é condição “sine qua non” para o bom entendimento.
Nos casamentos do passado ,havia a obrigação dos conjujes ficarem juntos por uma convenção social. A hipocrisia era muito grande. Hoje, os casamentos duradouros são os verdadeiros, aqueles que perduram por amor, já que ninguém mais se preocupa com o que se pensa ou deixa de pensar. Apesar de banalizados , os de hoje são mais verdadeiros e mais felizes.
Como cantava IVON CURI , da velhíssima guarda, contemporâneo de Caubi Peixoto : “Namorar é bem bom, namorar é bem bom, mas casar obriga- d- o- do.” Tem muita gente que é melhor pensar assim e curtir sua solteirice, porque casamento não deixou de ser uma coisa séria e a família é a base de tudo ! Eu , por exemplo , gostei tanto que casei duas vezes, mesmo com um dedo podre para isso !!!!
Graça,junho/2012
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