segunda-feira, 4 de junho de 2012

CASAMENTO



              CASAMENTO

             Os tempos mudaram, a vida mudou  e nós  vamos  nos  adaptando  a tudo ,  embora  o saudosismo  não nos abandone.  Muita coisa perdeu a  graça , a  hipocrisia saiu de cena  e deu lugar à uma liberdade  consentida e de uma  certa   forma  saudável !  É, as máscaras caíram  e todos são mais espontâneos e autênticos. Acabou  aquela  história  de dizer que  fulana  não é mais  moça   e ficar  no exílio  do “caritó” , porque  homem  nenhum    comprometeria   a   sua macheza para casar com uma pobre coitada que se perdeu. Perdeu  não sei o que  ,porque na verdade ela se achou e se  tivesse juízo,  nunca  mais  seria achada.   O mundo   era  cheio   de “vitalinas” puritanas que prá não  darem o braço a torcer ficavam solteironas o  resto  da  vida, guardando prá S. Pedro , o seu tesouro roubado. Mas ninguém podia saber de nada.  Era tudo por debaixo dos panos. E assim, as teias de aranha se instalavam e pronto,  acabou.  Ninguém ousava  se rebelar contra o sistema prá não ficar falada.  Hoje  o que vemos é uma verdadeira bagunça  . Ninguém está se preocupando  com que  o  povo fala  ou deixa de falar e  não  tem mais essa de pedir a mão da moça ao pai dela porque já levou tudo mesmo.  Quem tem o que dar ,dá mesmo e está  tudo certo.  Virgindade   é  coisa  do  passado.     A moçada   sabe  tudo , conhece o sexo e vive  suas  emoções sem culpa. Os da “melhor  idade” não  deixam  de   viver porque  chegou ao  ocaso  da vida.  Todo  mundo   transa ,  fala-se  abertamente  de  orgasmo , procuram  o  ponto “G” e  ainda  tem  o  Viagra  prá  contornar  os  probleminhas dos que não conseguem”  bater continência” .Todo  mundo relaxa  e goza  com  alegria  e sem   encucação.    Até   as viuvinhas estão alegres. Claro, a vida continua e ninguém fica mais coberta  de preto  chorando um morto que às vezes  nem  era    essas coisas todas.  Nem  é  preciso  guardar o “pinto do falecido” para matar as saudades e os maridos de hoje morrem em paz. sabendo que não correm o risco de uma amputação e embarcam com todo seu machismo incólume.
                    No passado, a coisa era muito diferente.  Casamento  era a única opção  da  mulher que esperava um bom partido para ser o seu Senhor , com o dever precípuo de lhe  dar filhos e fazer o que ele queria. Na  cama , a mulher era tão respeitada , tão respeitada , que não sabia nem o que era um orgasmo. Ninguém  sequer  falava  nisso.    O homem ,    por  sua  vez , por  ser  um  safado   por excelência  ,dava vazão aos seus  instintos , procurando  fora os  prazeres  da  carne.     Era   um respeito muito louvável !   Macho nenhum   queria   uma puta  na  cama  do seu  lar.   E o  falso moralismo imperava.  A mulher  se submetia  e se achava a dama das damas.  Se  uma  esposa  infeliz  chorava  suas mágoas,  sempre  ouvia  um sábio  que dizia : “ Ruim com ele, pior sem  ele”. Por incrível que pareça tinha homem que não deixava a mulher raspar o sovaco, porque era coisa de prostituta.  É, não estou exagerando não, a coisa era feia. Hoje , a mulher não só depila  as axilas como tudo que tem pelo.  Outro  dia , perguntei  no  salão  o significado  do  que  estava  escrito  em  uma  placa de  depilação :  “ virilha, parcial , completa” . A moça achou engraçado e me explicou que completa era quando tirava todos os pelos , até do fiofó. Dei muita risada e fiquei a pensar no procedimento, que a mim, por certo incomodaria, mas há de se entender porque sou antiga e  recatada.  O homem deve se sentir um pedófilo diante de uma mulher sem pelos pubianos. Muito estranho prá minha cabeça , mas com certeza muito excitante.
                      Antigamente, cuidar dos filhos, era obrigação da mulher que tinha que se virar de todo jeito prá dar conta do recado. Trocar uma frada, fazer uma mamadeira ou levantar à noite não era coisa de macho e a mulher não tinha direito de ter por exemplo, uma depressão pós parto.  A gravidez era só dela e ponto final. Hoje , os homens fazem até cursos de pais , ficam grávidos junto com a esposa e participam de tudo que se refere ao filho . Lindo isto !!!   O casal vive o casamento com harmonia e participação ativa dos dois , tanto no que se refere aos afazeres domésticos quanto à questão de prover as despesas. O casamento passou a ser uma sociedade de fato, sem que prevaleçam direitos de um ou de outro.  A possibilidade de se desfazer facilmente proporciona uma relação mais aberta , uma cumplicidade maior e apesar de muita gente casar por casar, por força de uma paixão, os casamentos construídos com amor e objetivo de formar uma família têm tudo para o sucesso. A mulher não deixa de se realizar como pessoa , como profissional e o homem   moderno  não  se sente  ameaçado  com  seu sucesso. Essa , a parte boa do casamento de hoje.  O grande problema é a falta  de consciência de muitos, que não entendem a importância de uma instituição tão sagrada e importante , esquecendo que o casamento envolve vidas, deveres para com a família, a formação de um lar de verdade. Muitos priorizam o sexo, os prazeres da vida a dois , esquecendo a  compreensão mutua , o respeito, as abnegações, o amor verdadeiro e construtivo.
                   Olhamos com tristeza os desenlaces precoces, por falta de estrutura e de amor. É normal hoje em dia , os filhos não terem os pais presentes ,crescerem sem a figura paterna e sofrerem o descaso de muitos que não têm a noção de responsabilidade. A banalidade do casamento ultrapassa para muitos, as fronteiras  do entendimento  do que significa  uma relação  a dois, com o propósito de unir vidas e formar uma família. Estes partem para o casamento com a finalidade de ficar juntos, mas não se dispõem ao entendimento recíproco e fazem tudo errado, contando com a facilidade de uma separação. Nada os prende , porque estão envolvidos apenas, em uma  paixão fugaz.
                   É comum hoje, a teoria de “ não levar desaforo prá casa”  e “discutir a relação”, como se resolvesse alguma coisa. Ninguém, ao querer ficar junto, pensa nos defeitos do outro e nos seus próprios . Falta tolerância e amor. Quem ama de verdade, entende que as diferenças existem e respeita a personalidade do companheiro, procurando harmonia. Brigas, são normais, agressões não. A cumplicidade é mola propulsora para a realização dos dois. Não existe, nem nunca existiu casamento perfeito.   Existe  sim   casamento  duradouro  de  duas pessoas  que com sabedoria , sabem  cultivar o amor, que deixa de ser paixão e ao longo do tempo se transforma em amizade, em  compreensão  e  respeito,   uma  sociedade  onde  os direitos são iguais e admiração e prazer em estar juntos são reais. A felicidade é de cada um , não dependendo do que outro pode ou não dar. O respeito à individualidade de cada parceiro  é condição “sine qua non” para o bom entendimento.
                  Nos casamentos do passado ,havia a obrigação dos conjujes ficarem juntos  por uma convenção social. A hipocrisia era muito grande. Hoje, os casamentos duradouros são os verdadeiros, aqueles que perduram por amor, já que ninguém mais se preocupa com o que se pensa ou deixa de pensar. Apesar de banalizados , os de hoje são mais verdadeiros e mais felizes.
                 Como cantava  IVON CURI , da velhíssima guarda, contemporâneo de Caubi  Peixoto :   “Namorar é bem bom, namorar é bem bom, mas casar obriga- d- o- do.”  Tem muita gente que é melhor pensar assim e curtir sua solteirice, porque casamento não deixou de ser uma coisa séria e a família é a base de tudo !   Eu , por exemplo , gostei tanto que casei duas vezes, mesmo com um dedo podre para isso !!!!

Graça,junho/2012

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