quinta-feira, 24 de maio de 2012

CONFLITO DE GERAÇÕES


                   

                       Quando eu era apenas uma criança e estava submetida à autoridade de meus pais, nunca me ocorreu questionar as ordens e orientações que nos davam. Obedecíamos e fim de papo. E nunca me senti  infeliz. Está certo que de vez em quando , mijava fora do pinico e o coro comia. Pensar em me rebelar, jamais. Lembro que certa vez resolvi que iria embora , cuidar da minha vida, por não aceitar o jugo de Lia e mamãe, que não me deixavam ir prá casa das amigas, brincar. Revoltada com a situação, achei por bem, sair daquela casa e ir embora. Comecei a arrumar meus mijados e como não tinha uma mala, lancei mão de jornais velhos e já estava fazendo os pacotes desajeitados, quando minha mãe entrou no quarto e viu a cena. Ela se limitou a olhar a arrumação e esperou para ver até onde eu ia. Quando os pacotes estavam prontos, ela começou a rir e me abraçou carinhosamente, explicando o ridículo da situação. Minha intenção de fuga acabou ali e com o rabinho entre as pernas, arrumei tudo de volta nas gavetas e nunca mais se falou do assunto. Minha rebelião foi frustrada.  Faziamos mesmo o que nossos pais queriam e diga-se de passagem ,todos nós tínhamos a nossa personalidade preservada. Usávamos sapatos e roupas que eles podiam nos dar, escolhidos por eles e ficávamos satisfeitos. Ninguém ousava discordar de alguma coisa que fosse determinada  por eles. Havia hora certa prá tudo e muita disciplina. Enquanto éramos crianças funcionou direitinho.  Já na adolescência, quando começamos a ter mais informações, queríamos fazer valer a nossa opinião mas o velho cortava o mal pela raiz.
                       Uma vez adulta, eu achava que sabia muito mais que minha mãe e passei a tratá-la como se eu fosse a dona da verdade. Não a desrespeitava, mas achava que eu é que sabia das coisas. Com papai, também aconteceu o mesmo.  Quando tive meus filhos , tentei  impor as coisas e comecei a perceber que eles tinham vontade própria. Até certo ponto consegui comandar o cangaço, mas logo tive de aceitar que os tempos eram outros. Eu comprava as coisas que me agradavam mas eles simplesmente não usavam. O Marcio foi o pior. A principio não gostava de qualquer roupa e era machão desde pequeno. Os sapatos ficavam sem o cadarço porque não queria usar da forma convencional. Eu ficava uma arara porque não conseguia impor meu gosto. Com o tempo, não deu mais prá controlar essas coisas e cada um desenvolveu seu jeito de ser sem admitir minha interferência. Foram jovens com gostos próprios, rebeldias aceitáveis e na hora que extrapolavam eu sabia segurar as rédeas.Todos tiveram seus conflitos de adolescentes, suas insatisfações pessoais mas são todos , sem exceção filhos maravilhosos.
                          Hoje, o que vejo me dá arrepios. Estamos vivendo uma época de desajustes, de libertinagem, falta de respeito e de educação dos jovens para com os pais, professores e mais velhos. Fica cada vez mais difícil educar filhos e estamos diante de um caos social. Tudo caminha para uma falta de moralidade. Não me refiro à liberação sexual, que de uma certa forma é normal. Errado era conhecer o sexo apenas depois do casamento e ter que conviver com incompatibilidades porque estava casado. Errado era a hipocrisia de fazer escondido e não poder assumir . O que me agride é a futilidade dos jovens que se expõem irresponsavelmente a uma série de coisas maléficas que não levam a nada. A facilidade de informações, o consumismo, o excesso de liberdade estão corroendo o caráter dos nossos jovens que fazem o que querem sem freio de qualquer tipo. Tenho ouvido relatos de pais, que me assustam. Não sei onde vamos chegar!  O que será da sociedade futura ? O que será dessa moçada que curte baladas, regadas a bebidas e drogas , onde beijar muuiiiiiiiiito é ser o mais popular e especial, sem falar nas transas com quem nem conhece, na promiscuidade que se instalou no dia a dia desses jovens ,sem limites e sem noção de moral e bom senso. O fank desafia os parâmetros de comportamento social, fazendo apologia abertamente às drogas ao erotismo e à falta de compostura ignorando todas as regras de harmonia social. Sempre houve danças sensuais ,é verdade, mas o fank  não tem nada de sensual . É pura libidinagem, erotismo sem controle. As músicas são pornográficas e a mulherada  mexe e remexe a bunda sem o mínimo de pudor. Como se não bastasse, o sexo é explícito e crianças participam desses bacanais, como se fossem  a coisa mais natural do mundo.
                     É deprimente ver tudo isso acontecendo diante dos nossos olhos !  Não sou nenhuma moralista e até que compreendo muito bem a evolução dos tempos. Aprendo todo o tempo com os mais jovens e acho que as coisas tem que ser conduzidas sem  o falso moralismo dos tempos antigos ,em que as moças de família casavam grávidas e diziam que o filho nasceu de sete meses. Conheci uma que planejou isso e o filho nasceu com cinco meses de casada, porque na realidade se apressou e chegou mesmo com apenas sete de gestação. Foi um verdadeiro arraso. A família não sabia o que fazer.
                       Sempre existiram os conflitos de gerações, vez que cada dia o mundo muda, os valores mudam, as inovações são frenéticas e a vontade de acompanhar a evolução é imensa.  A necessidade de adaptação é nossa, dos mais velhos. Corremos o risco de ser considerados invisíveis , pelos nossos filhos e netos . Não sabemos nada de informática, de aparelhos digitais. Salvo algumas exceções, a maioria da nossa geração se atrapalha com as teclas e fica alienada diante de tanto progresso , enquanto as crianças dão conta de tudo, são altamente antenadas e nos ensinam a cada dia.
                        Enfim, o conflito sempre houve, porque o mundo vive em constante evolução, só que nós, que nos dizemos humanos, racionais e inteligentes, não podemos permitir que se instale novamente na nossa vida, uma  SODOMA ou GOMORRA, trazendo de volta  a depravação  que nos ameaça. Precisamos  chamar à ordem  os desmandos de uma sociedade que tem tudo para ser plena de conquistas e progresso. Precisamos  educar nossos jovens para que possam ser felizes de verdade !!!!

Graça,maio/2012

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