domingo, 11 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva 13 dias para o Natal ( Minhas memórias)

             Há tão poucos dias do Natal, não temos como ficar de fora de tanta vibração. Todos já se contagiaram com  o virus do espírito natalino e começa a corrida para as compras, tornando insuportável o trânsito pelas lojas. Apesar de adorar todo esse movimento, não consigo mais ficar muito tempo nele. A minha " Melhor Idade " não me permite mais tanta agitação e a essa altura, não me atrevo  a participar dessa aventura deliciosa. Isso já" não me pertence mais". Hoje, eu como boa artesã , faço minhas próprias lembrancinhas e me organizo para a ceia de Natal, que será aqui em casa, com a presença dos meus filhos, netos, parentes e aderentes e, se DEUS permitir, com muita alegria e muito brilho nos olhos de todos. Procuro repetir o sentimento que viví na infância e infelizmente não dá prá ser tudo igual, porque por mais que me esforce, não temos mais aquela vida tranquila e encantada  da Usina. Os tempos mudaram, as pessoas mudaram e temos que nos adaptar à realidade de hoje, fazendo com que o Natal não perca o seu verdadeiro sentido cristão. Jesus tem que renascer de forma especial nos nossos corações, com o mesmo brilho da estrela que guiou os Reis Magos, há  mais de dois mil anos atrás. Isto não pode mudar. Há de se repetir por toda nossa existência, como bons cristãos que somos.
                Por ter falado com Eduardo, por esses dias, ele me refrescou a memória e muita coisa veio à tona me fazendo voltar à nossa Barra de Serinhaém. Lembramos de coisas que por ter esquecido, pulei nos meus relatos.Falamos principalmente do ano que Valério resolveu que não queria mais ser padre . Ele foi nas férias de final de ano, passou as festas conosco, mas não revelou a sua  intenção de não mais voltar para o seminário. Fomos para a praia e conosco foi o padre Izidoro, uma espécie de olheiro dos padres superiores ,com a missão de se certificar de que a vocação de Valério," já era." Ficamos encantados com a companhia do padre que , segundo Eduardo, quase desiste também. Ele era uma alegria só e nos ensinou muitas coisas interessantes. À noite, ficávamos na varanda em frente de casa e o padre contava histórias e nos ensinava musiquinhas , as quais, nunca esquecemos. Até música indígena , nós aprendemos. Era um tal de " aribô foxagiô ô ô ô, arapi pô anhagá diga gôga, tula baba juriti ... " , não lembro de toda a letra, o que deixo para os outros três irmãos, como imcumbencia de fazerem. Entre outras canções, as que lembro são a da " pulga e o percevejo", " cai chuva, cai lá do céu / cai chuva no meu chapéu..." ," do canarinho que caíu doente" e por aí vai. Além das canções , havia as histórias de assombração como a da " Maria Ventura, cadê minha fussura, que tiraste de lá da sepultura ". Lembrando que como não tínhamos luz, o escuro era propício para ficarmos com muito medo de andar  sòzinhos pela casa e ir prá cama, só com todo mundo junto. Foram umas férias maravilhosas essas ! O padre realmente nos encantou e, como sempre aprontamos todas.
            Apesar de não participar dos programas dos meninos, isso não me abatia muito, porque eu tinha os meus. Eu era amiga dos moradores da praia, aprendi a fazer rede de pesca com eles e, com as meninas da minha idade, me divertia prá valer. Atrás da nossa casa, não muito perto, tinha um mangue e eu ia prá lá pegar carangueijo. Antes de chegar no mangue, passávamos por dentro do cemitério local, daqueles que só tem covas na terra. Eu adorava ficar olhando o coveiro cavar e às vezes, jogar prá fora os ossos que estavam alí. Aquilo , era muito normal na minha cabeça. De lá, seguiamos para o mangue, onde nos atolávamos na lama, prá chegar até os bichinos de patinhas. Essas coisas , eu fazia sem que mamãe soubesse, sendo que ela queria me matar quando me via chegar toda cheia de lama, mas sempre com alguns carangueijos e aratús. Eu não tinha mesmo jeito e me metia em todo lugar. Na praia, tinha dois clubes dos pescadores : o Aliado e o Canaã, onde eles promoviam suas festas. Certa vez, entrei no Aliado e fiquei observando a dança. De repente escutei uma voz no auto-falante que dizia : " Atenção, muita atenção ! A moça que está de vestido azul, queira se retirar do clube, porque dama não pode cortar cavalheiro!" Assustada, percebí que o recado era prá mim. Eu era apenas uma menina e um rapaz do lugar me chamou para dançar, o que recusei de pronto. Era eu , a moça de azul e não tive opção. Saí indignada e fui para casa chorando e não deu outra: os meninos tiraram o maior sarro da minha cara.,
              Logo cedo, eu adorava ir até a praia com Carlos, pegar conchinhas que o mar jogara prá fora, à noite. Ficavamos horas catando as bichinhas e nos divertíamos observando um doido do lugar que chamávamos de "Peido Areia", nadando  com os botos, num lugar muito perigoso. Coitado, ele, cujo nome era Pedro, não passava de um pobre maluco que não tinha noção de perigo e, nós crianças nos divertíamos com suas atitudes nada normais.
              Outra brincadeira muito gostosa, era andar com pernas de páu, pela praia, indo e vindo como uns verdadeiros palhaços de circo.Tudo de bom e nós vivemos isso , livres e soltos como se fôssemos daquele lugar, parte daquela paisagem deslumbrante, alí no meio da natureza, sem medos, sem preconceitos, sem preocupação de espécie alguma a não ser a vontade de viver naquele paraíso !

2 comentários:

  1. Mãe, eu não sei pq vc ficava tão brava qdo a gente aprontava, vc era mil vezes pior!!!!!....kkkk

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  2. E o coitado do João Pedro que é o danado da família kkkkkk
    Leila

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