quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva----- 23 dias para o Natal ( Minhas memórias )

              Estive pensando que essa minha contagem regressiva ,pode estar "enchendo o saco "de todo mundo, mas tenho que contar os dias porque na minha  "Melhor Idade", vivo um dia de cada vez . Faltam exatamente 23 dias para  o Natal, que espero seja de muita alegria para todos. É muito pouco tempo para quem esperou um ano inteiro. É assim mesmo ; o ano começa com festa , com esperança de um ano melhor, com planos e planos e logo queremos coroá-lo com o Natal. É tempo de agradecer pelas coisas boas e pedir para que melhores dias aconteçam. É tempo de renovação, de reflexão e de muita festa. Minha contagem regressiva decorre da paixão que tenho pela data e,  de como ela me transporta para um mundo fantástico que trago no meu espírito e no meu coração.
              Hoje estou especialmente saudosa, talvez mais sensível diante das lembranças muito fortes do nosso irmão Carlos, o segundo da tropa. Como descrever alguém, que passou a vida conquistando as pessoas que puderam usufruir da sua doce presença ?
              Em criança, foi um pentelho que sentia prazer em fazer chorar os dois manteigas derretidas: Murilo e Eduardo. Ele sabia o ponto fraco de cada um e aprontava em surdina, as suas brincadeiras malvadas. À mesa, na hora da refeição , costumava fazer bolinhas de miolo de pão e jogar na gente, como se não estivesse fazendo nada. Se revidávamos, como não tínhamos a sua habilidade, levávamos as broncas de Papai, enquanto ele se divertia. Carlos tinha prazer em azucrinar suas vítimas e botava apelidos em nós todos: Eduardo era Chiquita, eu era Graxa Mamão ou bochecha de Estronda Navio, Murilo era Bulicuda, Luíza era Tripa. Não lembro do de Valério mas com certeza, também tinha. Até uma menina negra, chamada Serrate, que mamãe tentou adotar e que passou algum tempo conosco, ganhou o sugestivo apelido de " Peleca".   Depois que Murilo parou de chorar, Eduardo passou a ser a próxima vítima. Não precisava fazer nada ; ele só olhava para o Chorão e tremia a boca. Era o suficiente prá este abrir o berreiro.
                Carlos foi uma criança magra, cheia de trejeitos e muito habilidoso ,quando se tratava de fazer os próprios brinquedos. Lembro do seu capricho em cortar um galho de goiabeira em forma de  Y , para fazer a sua baleadeira ( estilingue ).  Ele queimava e raspava a madeira , deixando-a  lisa e prendia a borracha e o courinho, com arte. Fazia baleadeira ou badoque de tudo quanto era tamanho, sendo o seu preferido o pequenininho, com o qual atirava grão de milho ou feijão na gente , de preferência à mesa. Sua habilidade com o pião de madeira, com as bolas de gude, com os botões de jogo de futebol, era incrível. Essa facilidade em fazer as coisas ,  levou para toda a vida. Carlos era um excelente artesão com madeira e escultor de mão cheia. Tanto fazia móveis como esculpia pequenas coisas com perfeição.
               Os traços marcantes da sua personalidade foram a sua bondade, generosidade,  a sua falta de ambição, seu jeito manso e humilde , o amor que sentia por todos nós. Eu não sei, acho que à sua maneira, foi feliz, porque a sua felicidade era diferente, própria de quem é desprovido de vaidade e de orgulho. Costuma-se dizer de pessoas assim, que "são boas prá todo mundo, menos prá si próprias". É a forma de pensar de quem quer alcançar o melhor; só que prá ele, o melhor era viver a sua vidinha despretenciosa, servindo a todos que precisavam dele, tomando suas biritas e tudo bem. Era, sem dúvida alguma, um artista que aceitou a vida como ela foi .                                                                                                              Sua relação com nossos pais foi muito intensa. Desde criança, foi o xodó dos dois.  Mamãe achava que ele era frágil e o safadinho se aproveitava disso. Lembro que uma vez , ele me perturbou muito e eu, escandalosa como era, gritei e chorei para que mamãe o castigasse. Quando ela apareceu com o chinelo na mão, o fingido começou a passar mal ( de mentira) e ela muito preocupada e já chorando, o conduziu até a cama , onde ficou com a maior cara de santo.
              Todos os sobrinhos que o conheceram, tinham adoração por ele, e com os coitados, também aprontava todas. Apesar das suas brincadeiras e perturbações , foi uma das melhores pessoas que conheci na vida e de quem tenho o maior orgulho de ser irmã! A saudade é imensa mas eu tive a graça de ter sido amada por uma pessoa tão ESPECIAL !!!

Um comentário:

  1. Mãe, hj eu fui às lágrimas, pq vc conseguiu, e isso não é nenhuma surpresa, definir Tio Carlos como eu o via também...uma pessoa doce e boa, e ser sobrinha dele e ouvir ele me chamar de "Titinhaaaaa" era delicioso. Mesmo com todas as brincadeiras que beiravam a maldade(rsrs) nós sempre queríamos mais...no fundo a gente adorava as sacanagens dele!!!!!

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